segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Umas boas festas para todos !!!
Dia de Natal (António Gedeão)

Dia de Confraternização Universal,Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,de Sonhos e Venturas.É dia de Natal.Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.Glória a Deus nas Alturas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

TESTE

ESTRUTURA / COTAÇÃO

GRUPO I
1- 35 pontos
2- 35 pontos
3 -60 pontos

GRUPO II
1- 40 Pontos
2- 30 pontos

Objectivos:

- Localizar o espaço imperial romano.
- Reconhecer o carácter urbano da civilização romana.
- Explicar a importância assumida pelo imperador como elemento de coesão política.
- Salientar a riqueza e a utilidade do direito.
- Interpretar a extensão do direito de cidadania romana como processo de integração da pluralidade de regiões no Império
- Distinguir formas de organização do espaço nas cidades do Império, tendo em conta as suas funções cívicas, políticas e culturais
- Desenvolver a sensibilidade estética através da identificação e da apreciação de manifestações artísticas do período clássico.
- Identificar na romanização da Península Ibérica os instrumentos de aculturação das populações submetidas ao domínio romano.
- Características do Cristianismo e difusão
- Avaliar o papel da Igreja como transmissora da cultura clássica
- Evidenciar o fim da época clássica

domingo, 7 de novembro de 2010

O MODELO ROMANO

Séc I ac. / I d.c -
Corresponde ao período de esplendor do Império Romano e coincide com o período de governo de Ocávio César Augusto, o primeiro imperador que marcou de tal modo a sua época que, logo à sua morte, o Senado de Roma apelidou o seu tempo de vida como o “século de Augusto” ( entre 40 a 38 aC., o Senado atribuiu o título de Imperador, com a designação de Octávio ) . Dotado de um sentido político, Octávio chegou ao primeiro plano do Estado por delegação do povo romano , dentro da ordem republicana e possui, de facto, uma autoridade pessoal, absoluta e de carácter quase divino, já que a aura de prestígio que o acompanhou originou o culto imperial, factor de propaganda e coesão politico em todo o vasto império romano. (recebeu em 12 a C. o título de Pontfex Maximus – Sumo Pontífice). A sua acção, no plano Militar, contribui para um período de tempo em que se assistiu ao restabelecimento da ordem e da paz. No plano Político, o imperador reforçou os seus poderes e reduziu os poderes do Senado e empreendeu a reforma do aparelho administrativo central e provincial. Outros poderes, em 27 ac., o Senado concedeu-lhe o título de augustus pelo qual podia nomear os senadores e em 23 aC., o poder tribúnicio pelo qual podia convocar os Comícios e o Senado e vetar as leis e outras decisões destes órgãos, em todo o Império. No plano Social, procurou eliminar as lutas sociais, fomentando a igualdade de todos perante a lei ainda que a nível teórico, uma vez que na prática ao criar o censo, imposto pago, criou condições para criar uma sociedade fortemente hierarquizada a partir da cúpula onde se encontrava com os seus familiares. A Cultura, o imperador formado na tradição helenística revelou-se amante das artes e das letras, protegendo os artistas e outros agentes culturais para além do patrocínio as numerosas obras públicas e neste contexto não podemos esquecer as bibliotecas, escolas, teatros, etc Restabeleceu a religião tradicional, ligando-a ao culto imperial, cabendo-lhe a partir de então a capacidade de interpretar a vontade dos deuses.

Roma – Segundo uma antiga lenda romana, a origem de Roma relaciona-se com o herói mítico da Guerra de Tróia - Eneias. Fugido de Tróia após a destruição que os aqueus aí provocaram. Eneias terá aportado a região de Roma e terá casado com a filha do rei do Lácio. Um dos seus filhos Albalonga, terá tido dois filhos Rómulo fundadores de Roma e Remo que segundo a tradição terão sido alimentados por uma loba (pag.111-fig.7.). A sua fundação data do séc.VIII a.C., quando os Latinos do Monte Palatino se uniram aos Sabinos do Monte Quirinal. Desde então até ao séc.IV aC., o crescimento da cidade acompanhou o crescimento político e económico do seu povo e a prodigiosa construção do colosso que foi o seu império, do qual Roma se tornou o seu centro, pela posição central ocupou uma posição de domínio sobre o Mediterrâneo ( Mare Nostrum). Como capital do império os seus governantes preocuparam-se com a qualidade de vida da cidade e do seu espaço físico, rasgando vias e praças, aquedutos para o abastecimento público, estabelecendo regras construtivas para os edifícios civis e públicos e embelezando-as com monumentos e peças estatuárias que lhe dessem a importância e o fausto necessários ao poder e ao domínio que a cidade exercia. Características gerais de Roma na Antiguidade Clássica:
- Vasto império, um dos maiores de todos os tempos pelo menos até ao século IV d.c.
- Poder autocrático, centralizado e divino dos imperadores.
- Meticulosa e disciplinada organização das legiões que conquistaram o mundo.
- O ecletismo da sua cultura, de matriz helenística, associada a una síntese original de influências múltiplas.
- O mundanismo das suas elites sociais, em contraste com o esclavagismo e as duras condições de vida da plebe.
- Superioridade da sua civilização material – capacidade construtiva. (aquedutos, pontes ,arcos, templos, etc).

Senado - Durante a República foi o órgão fulcral da vida política romana. Os senadores, eram representados pelas mais ilustres famílias romanas, começaram por ser em n úmero de 300, mas Sila duplicou este número e Júlio César duplicou este número e Júlio César triplicou-o. Inicialmente com funções consultivas , o Senado foi ganhando para si um espaço cada vez mais amplo na política romana, passando a dominar em todos os assuntos da vida pública com carácter deliberativo e normativo. Cabia-lhe, como funções ordinária , a política externa, as decisões de guerra e paz, a gestão das festas religiosas, a administração das finanças e a tomada de medidas relativas à ordem pública. Como funções extraordinárias, podia ainda declarar o estado de sítio, suspender os tribunais, intervir no governo das províncias e na gestão do exército, preparar as leis que os comícios deviam voar, entre outras.

O Latim - O Latim língua de origem indo-europeia, falada pela primeira vez, na Itália Central e meridional, a partir de 1700 aC., foi marcado por influências de outros falares mediterrânicos ( dos seus vizinhos etruscos, que adoptaram o latim quando da sua fixação na Península itálica), do gaulês, do dialecto cartaginês e sobretudo do grego, largamente falado na Magna Grécia desde o século V II a.C., pelo menos. Os primeiros documentos em estado precário datam do séc. V ac., as primeiras obras incompletas do séc. III ac e as primeiras completas do séc. II aC. Contudo o seu apogeu manifesta-se a partir do séc. I no tempo de Júlio César e de Cícero. A partir de então o Latim, torna-se na língua oficial de Roma e de todo o Império Romano, sendo então elemento de coesão e de referência nas obras literárias de Cícero, Virgílio, Horácio ou Tito Lívio entre outros. A sua aplicação manifestou-se no âmbito da Poesia, do Direito, Retórica e Filosofia.

Termas romanas


O ócio – O século de Augusto trouxe paz e prosperidade económica proporcionada pelas conquistas e pelo bom governo, possibilitando aos romanos o usufruto do ócio. Dos povos que influenciaram os romanos, destacam-se os Gregos que de quem copiaram a língua grega, falada e escrita, passou a ser praticada entre as elites cultas como uma segunda língua - mãe: os hábitos de luxo instalaram-se nos lares, o interesse pela filosofia, pela música e pelas artes dominaram os meios intelectuais. Entre os ricos, o luxo invadiu as residências, os banquetes e os salões privados eram frequentes e a ida às termas um hábito indispensável e cada vez praticado como ritual social. Como divertimentos públicos popularizaram –se os jogos: o Grande Circo eram corridas de cavalos, para seleccionar o melhor animal, cujo vencedor era sacrificado solenemente para purificação do solo. As Grandes Procissões que se tratavam de representações teatrais, na via pública, tratando-se de uma espécie de mascarada que tinha como objectivo a prestação do culto aos deuses que para tal eram retirados dos seus templos. Os combates entre Gladiadores, que tinham como cenário os anfiteatros, nos quais os combatentes entre condenados à morte, prisioneiros ou escravos revoltados, cujo sacrifício humano era oferecido aos deuses. Os combates entre feras, referenciados para II aC. , entre animais e entre animais e homens desde o tempo do Imperador Nero, que se tornaram uma prática corrente. A violência e o carácter sanguinário destes jogos, funcionavam como uma forma de canalizar o descontentamento da plebe urbana, apesar da crítica das classes mais cultas as mais ricas preferiam o conforto das suas villas campestres onde o gosto pela arte, pela leitura, filosofia e literatura ocupava os seus tempos de lazer.

* Refere os espaços utilizados pelos romanos nos tempos de ócio.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

TESTE

Conteúdos:
Módulo 1 - O modelo ateniense

Estrutura:
I Grupo: 4 questões
1- 30 pontos
2- 25 pontos
3- 25 pontos
4- 70 pontos
II Grupo: 1 questão - 50 pontos

Objectivos:
* Reconhecer a fragmentação do mundo grego
* Caracterizar a Pólis
* Descrever os espaços da cidade grega
* Distinguir, nas instituições da Atenas democrática, órgãos do poder legislastivo, do poder executivo e do poder judicial.
* Mostrar que a democracia ateniense era uma democracia directa.
* Justificar a importância da oratória no contexto da democracia directa.
* Avaliar os limites da participação democrática.
* Comparar com a democracia actual.
* Explicar o significado das grandes manifestações civico-religiosas.
* Caracterizar a arte grega.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ANO LECTIVO 2010/2011

Iniciou-se mais um ano lectivo... o blog irá continuar, agora para os alunos do 10º ano, que iniciam uma nova etapa e que terão 3 anos pela frente na nossa escola....para mim é também o inicio de um novo grupo de alunos que à semelhança de outros, espero acompanhar durante estes três anos....o blog será um dos meios, entre outros, que iremos utilizar, nesta nova etapa....
Mas não podia deixar de lembrar todos os alunos que este ano e nos anteriores continuaram a sua vida académica na Universidade....este blog também continua a ser vosso...
Bom trabalho para todos.....

segunda-feira, 19 de julho de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

GLOBALIZAÇÃO

Com o fim da União Soviética, a abertura económica ganhava maior amplitude. Liberalizavam-se não só os movimentos de bens e de serviços mas também o movimento de capitais. A intensificação deste fenómeno atingiu a proporções impressionantes, atingiu vários domínios da vida contemporânea e foi visto por muitos como uma ruptura em relação ao passado, designando-a como globalização. Os movimentos de capitais, de investimentos, as redes de informação e da comunicação ultrapassavam as fronteiras do Estados. As grandes empresas transnacionais funcionam em circuito fechado com um enorme volume de capitais e de comércio, como se fossem países, cujos poderes dispersos, difíceis de identificar e em grande parte não legitimados pelos cidadãos vieram a enfraquecer o Estado-Nação e pôr em causa o papel das democracias representativas.
.Livre circulação de produto, capitais, pessoas e definição de estratégias empresariais à escala mundial (transnacionais)
Consequências: da era Pós-industrial
Principais características:
A globalização trouxe consequências não previstas aos sistemas produtivos que, por outro lado, sofriam também as transformações provocadas pela revolução tecnológica.Com efeito, a revolução tecnológica e as suas exigências de novas competências fez com que os empregos criados nos novos sectores não absorvessem a mão-de-obra pouco qualificada que entretanto era dispensada. Por outro lado, com a globalização da economia as multinacionais organizaram estratégias de produção e de comercialização conforme as vantagens que cada região do mudo oferece. As indústrias, sobretudo as de trabalho intensivo, foram deslocalizadas, isto, é transferidas das antigas regiões industrializadas para regiões, países e continentes onde os salários eram mais baixos e os regimes fiscais mais atraentes.
.Desemprego e emprego precário como resultado da crise que atingiu os antigos centros industriais, atingiu principalmente os jovens, as mulheres, os estrangeiros e as categorias menos qualificadas, perturbaram as sociedades dos países industrializados. A exclusão foi outra das características.
.Materialismo e Individualismo. Os enormes ganhos de produtividade conseguidos com as novas tecnologias, numa óptica optimista da evolução humana, permitiriam imaginar um cenário caracterizado pela progressiva diminuição do tempo de trabalho e aumento dos tempos livres bem como um progressivo alargamento de rendimentos às classes e nações mais desfavorecidas. Mas isso não aconteceu. A desigualdade social aumentou, tanto nos países desenvolvidos, como entre os diferentes países e as dificuldades dos Estados com uma situação económica cada vez mais precária e um granse crescimento populacional, aumentaram os fluxos migratórios. As sociedades tornam-se cada vez mais multiculturais.
.– Foi uma consequência da desindustrialização que provocou a rarefacção da classe operária e as políticas neoliberais procuraram diminuir o papel dos sindicatos juntando-se às transformações que levaram ao declínio da militância política e do sindicalismo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

TESTE

I GRUPO

- 3 documentos
- 3 questões
- cotação: 25+25+65 (total - 115)

II GRUPO

- 1 documento
- 3 questões
- cotação: 25+25+35 (total - 85)

Conteúdos:

Módulo 7 - ponto 2.5

Módulo 8 - ponto 2.1

Módulo 9 todo

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O MUNDO DEPOIS DA GUERRA FRIA

Depois de leres o texto, consultar o manual e observares o slideshare, responde às seguintes

QUESTÕES:

1- O que entendes por Perestroika e Glasnost

2- Que acontecimentos evidenciam o colapso do bloco sociético

3- Refere os principais problemas surgidos com a transição para a economia de mercado na URSS

4- Elabora uma pequena biografia de M. Gorbatchev

domingo, 11 de abril de 2010

O FIM DO MODELO SOVIÉTICO

O fim do modelo soviético
Uma nova política


Em Março de 1985, Mikhail Gorbatchev é eleito secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética.
Gorbatchev enceta uma política de diálogo e aproximação ao Ocidente, propondo aos Americanos o reinício das conversações sobre o desarmamento. O líder soviético procura assim criar um clima internacional estável que refreie a corrida ao armamento e permita à URSS utilizar os seus recursos para a reestruturação interna.
Neste contexto, Gorbatchev anunciou o seu programa de reformas designado Perestroika. Este programa previa a alteração do modelo de planificação económica em vigor desde Estaline, [descentralizar a economia], através da concessão de mais autonomia às empresas, criação de um sector privado com maior grau de flexibilidade para responder às solicitações do mercado e uma abertura social e política (glasnost, transparência), de modo a incentivar a participação dos cidadãos e na viabilização da realização de eleições livres e pluripartidárias – abertura democrática.

Perestroika: Reestruturação profunda do funcionamento do modelo soviético empreendida por M. Gorbatchev, a partir de 1985.

O colapso do bloco soviético

A contestação ao regime imposto por Moscovo alastrou e endureceu, começando a abalar as estruturas do poder. Gorbatchev passou a olhar as democracias populares como uma “obrigação” pesada, da qual a URSS só ganhava em libertar-se.
No ano de 1989, uma vaga democratizadora varre o Leste: os partidos comunistas perdem o seu lugar de “partido único” e realizam-se as primeiras eleições livres do pós-guerra.
Neste processo, a “cortina de ferro” que separava a Europa levanta-se finalmente: as fronteiras com o Ocidente são abertas e, em 9 de Novembro, cai o Muro de Berlim.
Depois de uma ronda de negociações entre os dois Estados alemães e os quatro países que ainda detinham direitos de ocupação, a Alemanha reunifica-se.
No mês seguinte é anunciado, sem surpresa, o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco depois, a dissolução do COMECON.
Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já incontrolável, conduzindo, também, ao fim da própria URSS. O extenso território das Repúblicas Soviéticas desmembra-se, sacudido por uma explosão de reivindicações nacionalistas e confrontos étnicos.
O processo começa nas Repúblicas Bálticas.
Gorbatchev, que nunca tivera em mente a destruição da URSS ou do socialismo, tenta parar o processo pela força, intervindo militarmente nos Estados Bálticos. Esta situação faz com que o apoio da população se concentre em Boris Ieltsin, que é eleito presidente da República da Rússia, em Junho de ’91.
O novo presidente toma a medida extrema de proibir as actividades do partido comunista.
No Outono de ’91, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência. Em 21 de Dezembro, nasce oficialmente a CEI – Comunidade de Estados Independentes, à qual aderem 12 das 15 repúblicas que integravam a União Soviética. Ultrapassado pelos acontecimentos e vencido no seu propósito de manter unido o pais, Mikhail Gorbatchev abandona a presidência da URSS.

Os problemas da transição para a economia de mercado

A transição da economia de direcção central ou planificada para uma economia de mercado implicou profundas perturbações. Por um lado, muitas empresas, desprovidas dos subsídios estatais, foram à falência, provocando o aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, a continuada escassez dos bens de consumo, a par da liberalização dos preços, estimulou uma inflação galopante.
A falta de recursos financeiros do Estado não permitiu apoiar os desempregados, enquanto os pensionistas viram as suas pensões degradar-se perante a inflação.
Em contrapartida, a liberalização económica enriqueceu um pequeno grupo que, em pouco tempo, acumulou fortunas fabulosas. A privatização das empresas foi efectuada de um modo tão obscuro que um reduzido nº de empresários pouco escrupulosos se apropriou dessas empresas, adquirindo rapidamente grandes fortunas, enquanto a restante população se tornava cada vez mais pobre.
Os países de Leste viveram também, de forma dolorosa, a transição para a economia de mercado.
Privados dos importantes subsídios que recebiam da União Soviética, sofreram uma brusca regressão económica. De acordo com o Banco Mundial “a pobreza espalhou-se e cresceu a um ritmo mais acelerado do que em qualquer lugar do mundo”. A percentagem de pobres elevou-se de 2 para 21% da população total.

quarta-feira, 31 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

25 de Abril

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CRONOLOGIA - DA DITADURA À DEMOCRACIA


Antes do 25 de Abril

1958
Campanha do General Humberto Delgado, candidato da oposição democrática às eleições presidenciais. Américo Tomás, candidato do regime é o Presidente eleito.
Criação, em Portugal, na clandestinidade, da Junta de Libertação Nacional, movimento político de oposição ao regime de Salazar.



1959

MOVIMENTO MILITAR INDEPENDENTE de 11 de Março 1959, também conhecido por Revolta da Sé (por ter sido a Sé de Lisboa um dos locais de reunião dos conspiradores) visou o derrube da ditadura de Salazar e foi liderado por uma Junta Militar da qual faziam parte os majores Luís Cesariny Calafate , Pastor Fernandes, Alvarenga e capitão Almeida Santos. A maioria foi presa, tendo o major Calafate depois de um longo asilo político na Embaixada da Venezuela seguido para o exílio onde continuou a luta pela democracia em Portugal. Os elementos de ligação à rede civil eram o Dr. Sousa Tavares e Manuel Serra .



1960

A ONU aprova uma recomendação condenando o Colonialismo Português. Portugal contesta afirmando que as suas Províncias Ultramarinas não são colónias.
3 de JaneiroDo Forte de Peniche, uma das cadeias de alta segurança utilizadas pelo governo para encarcerar os seus opositores políticos, fogem dez prisioneiros políticos entre os quais Álvaro Cunhal, líder do Partido Comunista Português.



1961

22 de JaneiroOperação Ducineia. Desvio do navio português Santa Maria, levado a cabo pelo Capitão Henrique Galvão , em colaboração com o General Humberto Delgado. Com esta acção, considerada "o primeiro acto de pirataria dos tempo modernos", procurava-se chamar a atenção da comunidade internacional para a situação política interna de Portugal e para a ausência das liberdades fundamentais no país.

31 de JaneiroDivulgação do "Programa para a Democratização da República" subscrito por um grupo de cidadãos ligados ao sector da Oposição Democrática.

4 de FevereiroEm Angola, no seguimento de várias acções repressivas da polícia portuguesa sobre grupos de trabalhadores africanos que reivindicavam melhores condições de trabalho, o MPLA ataca a prisão de Luanda. No norte do território a UPA desencadeia vários ataques sobre a população branca. É o início da Guerra Colonial.

13 de AbrilTentativa de golpe de estado encabeçado pelo General Botelho Moniz, então o Ministro da Defesa. Os chefes do movimento são detidos.

18 de DezembroA União Indiana anexa Goa, Damão e Diu, possessões portuguesas em território indiano.

19 de DezembroO escultor e militante comunista José Dias Coelho é assassinado no bairro de Alcântara, em Lisboa, pela PIDE, a polícia política bastião do regime ditatorial.



1962

1 de JaneiroRevolta de Beja . Um grupo de militares, entre os quais o capitão Varela Gomes, em luta contra o regime de Salazar tenta ocupar o Quartel de Beja. A tentativa falha e são detidos e expulsos das FAs os militares directamente envolvidos. O General Humberto Delgado, exilado desde as últimas eleições presidenciais, tinha entrado clandestinamente em Portugal para apoiar a acção. Em face do desaire, regressa ao exílio.
12 de MarçoA Rádio Portugal Livre, emissora clandestina criada para propaganda das actividades contra o regime de Salazar, inicia as suas emissões a partir de Argel.
26 de MarçoO Dia do Estudante é proibido em Lisboa. Os estudantes de Lisboa entram em greve. A Academia de Coimbra solidariza-se e a luta estudantil mantém-se acesa até Maio. A AAC é encerrada.
DezembroCriação em Argel da FPLN, no decurso da I Conferência de Forças da Oposição.

1963
Cisão maoista no Partido Comunista Português. Aparecimento da FAP-CML.

AbrilInício da luta armada na Guiné.

1964
25 de SetembroInício da luta armada em Moçambique.

1965
Cisão na FPLN. Constituição da ASP.

13 de FevereiroHumberto Delgado é assassinado pela PIDE em Vila Nueva del Fresno, perto de Badajoz (Espanha).

1966
DezembroÉ divulgado um abaixo-assinado de elementos conotados com diversos sectores da Oposição Democrática, em que se fazia apelo ao restabelecimento das liberdades fundamentais no país e se pedia a demissão de Salazar. Esse documento ficou conhecido como Manifesto dos 118.

1967
17 de MaioAssalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, numa primeira acção da LUAR. O golpe é dirigido por Palma Inácio.
Assalto à sede da 3a Região Militar em Évora: desvio de armas pela LUAR.

1968
6 de SetembroNa sequência de uma queda, Salazar é afastado do Governo por motivos de saúde e Marcelo Caetano é nomeado Primeiro Ministro.

DezembroDevido ao forte clima de contestação estudantil vivido em Lisboa nos dois últimos meses, o Governo manda encerrar o Instituto Superior Técnico. É decretado pela academia de Lisboa "luto académico".

1969
3 de FevereiroAssassínio, em Der-es-Salam, de Eduardo Mondlane, líder da FRELIMO.
17 de AbrilEm Coimbra, desencadeia-se a crise universitária de 1969 na sequência da qual é decretada greve às aulas e, mais tarde, o boicote aos exames da época de Junho.
15 de MaioII Congresso Republicano de Aveiro.
26 de OutubroEleições para a Assembleia Nacional. Como seria de prever num regime de partido único em que a oposição política era tolerada mas não aceite. A ANP, partido do governo ganha as eleições. Formação, no seio da ANP do que ficou conhecido como "Ala Liberal". Integrava, entre outros, Pinto Leite, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota, Miller Guerra e comportou-se como uma "oposição moderada" dentro do próprio regime.
17 de NovembroO governo muda o nome da polícia política de PIDE para DGS.

1970
27 de JulhoAo cabo de cerca de ano e meio de doença que o inibira do desempenho das funções de Presidente do Conselho de Ministros, Salazar morre em Lisboa.
1 de OutubroCriação da Intersindical, primeira central sindical portuguesa.

1971
8 de MarçoA Acção Revolucionária Armada (ARA) afecta ao PCP, ataca a Base Aérea de Tancos e destrói toda a frota de helicópteros e alguns aviões de treino.
16 de AgostoNuma tentativa de aparentar uma certa abertura do regime, a Assembleia Nacional aprova uma resolução constitucional em que se preconiza "maior autonomia para as Províncias Ultramarinas". Entretanto Portugal continuava a ignorar as recomendações da ONU relativamente aos territórios africanos sob governo português.

1972
12 de OutubroEm Lisboa o estudante de engenharia, Ribeiro dos Santos, afecto ao MRPP é morto a tiro pela polícia no decorrer de uma manifestação. O caso dará aso a grandes manifestações estudantis.

2 de NovembroA Assembleia Geral da ONU reconhece a "legitimidade da luta armada contra Portugal, em África".

16 de DezembroO Exército Portugês desencadeia uma operação militar sobre a população indígena em Wiriyamu (Moçambique). Mais tarde a imprensa internacional irá denunciar esta acção e o caso tornar-se-á tristemente célebre sob a designação de Massacres de Wiriyamu.

1973
20 de JaneiroAmílcar Cabral, líder do PAIGC é assassinado em Conakry.

4 de AbrilEm Aveiro realiza-se o III Congresso da Oposição Democrática.
A visita de Marcelo Caetano a Londres é aproveitada pela imprensa britânica para denunciar os massacres do colonialismo português em Wiriyamu.

19 de AbrilNuma reunião da ASP, realizada perto de Bona, é fundado o PS.

21 de AgostoPrimeira reunião clandestina de capitães em Bissau.

9 de SetembroReunião clandestina de capitães no Monte Sobral (Alcáçovas): nascimento do MFA.

24 de SetembroNas regiões libertadas, reunida a Assembleia Popular, é proclamada unilateralmente a independência do Estado da Guiné-Bissau.

Ano da Revolução
1974

22 de Fevereiro Publicação do livro Portugal e o Futuro do General António de Spínola, em que este defende que a solução para a guerra colonial deverá ser política e não militar.

5 de Março Nova reunião da Comissão Coordenadora do MFA. É lido e decidido pôr a circular no seio do Movimento dos Capitães o primeiro documento do Movimento contra o regime e a Guerra Colonial: intitulava-se "Os Militares, as Forças Armadas e a Nação" e foi elaborado por Melo Antunes

14 de Março O Governo demite os Generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia de solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças Armadas. Essa cerimónia de solidariedade será ironicamente baptizada nos meios ligados à oposição ao regime como "Brigada do Reumático" nome pelo qual ainda hoje é muitas vezes referenciada. A demissão dos dois generais virá a ser determinante na aceleração das operações militares contra o regime.
16 de Março Tentativa de golpe militar contra o regime. Só o Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha marcha sobre Lisboa. O golpe falhou. São presos cerca de 200 militares.

24 de Março Última reunião clandestina da Comissão Coordenadora do MFA, na qual foi decidido o derrube do regime e o golpe militar.

23 de Abril Otelo Saraiva de Carvalho entrega, a capitães mensageiros, sobrescritos fechados contendo as instruções para as acções a desencadear na noite de 24 para 25 e um exemplar do jornal a Época, como identificação, destinada às unidades participantes.

24 de Abril O jornal República, em breve notícia, chama a atenção dos seus leitores para a emissão do programa Limite dessa noite, na Rádio Renascença .

24 de Abril - 22:00 horas Otelo Saraiva de Carvalho e outros cinco oficiais ligados ao MFA já estão no Regimento de Engenharia 1 na Pontinha onde, desde a véspera, fora clandestinamente preparado o Posto de Comando do Movimento. Será ele a comandar as operações militares contra o regime.
24 de Abril - 22:55 horas A transmissão da canção " E depois do Adeus ", interpretada por Paulo de Carvalho, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, marca o ínicio das operações militares contra o regime.

25 de Abril - 00:20 horas A transmissão da canção " Grândola Vila Morena " de José Afonso, no programa Limite da Rádio Renancença, é a senha escolhida pelo MFA, como sinal confirmativo de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.

25 de Abril - Das 00:30 às 16:00 horas Ocupação de pontos estratégicos considerados fundamentais ( RTP, Emissora Nacional, Rádio Clube Português, Aeroporto de Lisboa, Quartel General, Estado Maior do Exército, Ministério do Exército, Banco de Portugal e Marconi).
Primeiro Comunicado do MFA difundido pelo Rádio Clube Português
Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém estacionam no Terreiro do Paço.
As forças paramilitares leais ao regime começam a render-se: a Legião Portuguesa é a primeira.
Desde a primeira hora o povo vem para a rua para expressar a sua alegria.
Início do cerco ao Quartel do Carmo, chefiado por Salgueiro Maia, entre milhares de pessoas que apoiavam os militares revoltosos. Dentro do Quartel estão refugiados Marcelo Caetano e mais dois ministros do seu Gabinete.

25 de Abril - 16:30 horas Expirado o prazo inicial para a rendição anunciado por megafone pelo Capitão Salgueiro Maia, e após algumas diligências feitas por mediadores civis, Marcelo Caetano faz saber que está disposto a render-se e pede a comparência no Quartel do Carmo de um oficial do MFA de patente não inferior a coronel.

25 de Abril - 17:45 horas Spínola, mandatado pelo MFA entra no Quartel do Carmo para negociar a rendição do Governo.
O Quartel do Carmo hasteia a bandeira branca.

25 de Abril - 19:30 horas Rendição de Marcelo Caetano. A chaimite BULA entra no Quartel para retirar o ex-presidente do Conselho e os ministros que o acompanhavam, levando-os, à guarda do MFA para o Posto de Comando do Movimento no Quartel da Pontinha.

25 de Abril - 20:00 horas Disparos de elementos da PIDE/DGS sobre manifestantes que começavam a afluir à sede daquela polícia na Rua António Maria Cardoso, fazem quatro mortos e 45 feridos.

26 de Abril A PIDE/DGS rende-se após conversa telefónica entre o General Spínola e Silva Pais director daquela corporação.
Apresentação da Junta de Salvação Nacional ao país, perante as câmaras da RTP.
Por ordem do MFA, Marcelo Caetano, Américo Tomás, César Moreira Baptista e outros elementos afectos ao antigo regime, são enviados para a Madeira.
O General Spínola é designado Presidente da República.
Libertação dos presos políticos de Caxias e Peniche.

27 de Abril Apresentação do Programa do Movimento das Forças Armadas.

29 a 30 de Abril Regresso dos líderes do Partido Socialista (Mário Soares) e do Partido Comunista Português (Álvaro Cunhal).

1 de Maio Manifestação do 1º de Maio, em Lisboa, congrega cerca de 500.000 pessoas. Outras grandes manifestações decorreram nas principais cidades do país.

4 de Maio O MRPP organiza a primeira manifestação de boicote ao embarque de soldados para as colónias. A Junta de Salvação Nacional previra a necessidade de envio de alguns batalhões de militares para substituirem a tropa portuguesa ainda em território africano e cujo período de mobilização já terminara. Pensava-se também que seria importante manter as Forças Armadas Portuguesas em África até final das negociações com os Movimentos de Libertação Africanos, com vista à independência dos territórios.

16 de Maio Tomada de posse do Iº Governo Provisório, presidido por Adelino da Palma Carlos.
Do I Governo fazem parte, entre outros, Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro.

20 de Maio Américo Tomás e Marcelo Caetano, com o conhecimento da JSN mas não do Governo, partem para o exílio no Brasil.

25 de Maio Início das conversações com o PAIGC.

26 de Maio É fixado o primeiro Salário Mínimo Nacional em 3300$00.

Maio / Junho Grandes conflitos laborais e lutas de trabalhadores começam a surgir em algumas das grandes empresas portuguesas LISNAVE, TIMEX, CTT.
Inicia-se um grande movimento popular de ocupações de casas desabitadas que vai prolongar-se por vários meses. A Junta de Salvação Nacional legaliza, em 19 de Maio, as ocupações verificadas e proíbe novas ocupações.

6 de Junho Conversações preliminares com a FRELIMO, em Lusaka, com vista à independência de Moçambique.

8 de Julho É criado o COPCON, chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho

9 de Julho O Primeiro Ministro Palma Carlos pede a demissão do cargo por alegadamente não ter condicões políticas para governar numa clara alusão ao peso da influência do MFA. Com ele solidarizam-se alguns ministros do seu Gabinete entre eles Francisco Sá Carneiro

12 de Julho Vasco Gonçalves é indigitado por Spínola para o cargo de Primeiro Ministro.

18 de Julho Tomada de posse do IIº Governo Provisório, presidido por um homem do MFA, o General Vasco Gonçalves.

27 de Julho Spínola reconhece o direito à independência das colónias africanas.

Julho / Agosto Greves da MABOR, TAP, SOGANTAL e JORNAL DO COMÉRCIO.

8 de Agosto Motim de ex-agentes da PIDE/DGS presos na Penitenciária de Lisboa.

28 de Agosto Promulgação da Lei da Greve.

31 de Agosto Por despacho conjunto do Ministério da Admnistração Interna e do Ministério do Equipamento Social é criado o SAAL vocacionado para intervir na área da habitação social. No processo SAAL colaboraram então alguns dos arquitectos portugueses hoje internacionalmente reconhecidos, como Siza Vieira e Alves Costa. Ficaram célebres as áreas de intervenção do Barredo no Porto, as de Setúbal e de Évora.

6 de Setembro Acordos de Lusaka entre a FRELIMO e o Governo Português.

7 de Setembro Tentativa de tomada de poder pelas forças neo-colonialistas em Lourenço Marques.

9 de Setembro O Governo Português reconhece a Guiné-Bissau como país independente.

10 de Setembro Apelo de Spínola à chamada Maioria Silenciosa, numa tentativa de procurar o apoio dos sectores mais conservadores da sociedade portuguesa. Em resposta a este apelo surgem na imprensa, dias mais tarde, notícias que anunciam para dia 28 uma manifestação de apoio a Spínola.

26 de Setembro António de Spínola e Vasco Gonçalves assistem a uma corrida de toiros no Campo Pequeno. Vasco Gonçalves é apupado por manifestantes conotados com a Maioria Silenciosa.

28 de Setembro Em resposta à anunciada manifestação da Maioria Silenciosa são organizadas barricadas populares junto às saídas de Lisboa e um pouco por todo o país. No final dessa noite, os militares substituem os civis nas barricadas. Mais de uma centena de pessoas, entre figuras gratas ao regime deposto, quadros da Legião Portuguesa e participantes activos da manifestação abortada da Maioria Silenciosa, são detidas por Forças Militares.

30 de Setembro Apresentação da demissão do Presidente da República General António de Spínola e nomeação do General Costa Gomes.
Tomada de Posse do III Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

6 de Outubro "Um dia de trabalho para a Nação" proposto pelo Primeiro Ministro. Um domingo é transformado em dia útil de trabalho oferecido gratuitamente pelos trabalhadores ao país. A adesão é significativa e o resultado financeiro desta campanha será dias mais tarde estimado pelas entidades oficiais competentes em cerca de 13000 contos.

27 de Outubro O Governo anuncia as Campanhas de Dinamização Cultural, empreendidas pela 5ª Divisão do EMGFA com o objectivo de "cumprir integralmente o programa do MFA e colocar as Forças Armadas ao serviço de um projecto de desenvolvimento do Povo Português".

11 de Novembro O Ministério da Educação e Cultura institui o Serviço Cívico Estudantil, ano vestibular antes da entrada definitiva no ensino superior e que mobilizou milhares estudantes para brigadas de alfabetização e de educação sanitária junto das populações.

7 de Dezembro Por decisão do Governo é decidido o pagamento do 13º mês aos pensionistas do Estado.

9 de Dezembro Tem início o renceamento eleitoral com vista à realização das primeiras eleições em liberdade.

13 de Dezembro Os Estados Unidos concedem ao governo português um importante empréstimo financeiro no âmbito de um Plano de Ajuda Económica a Portugal.

Anos Posteriores à Revolução
1975

15 de JaneiroAcordos de Alvor entre o Governo Português e os Movimentos de Libertação Angolanos. Fixa-se a data da independência: 11/11/75.

28 de JaneiroMilitantes de vários grupos de esquerda cercam o Palácio de Cristal no Porto, local onde decorre o Congresso do MFA proíbe todas as manifestações durante o período em que se desenvolverão as manobras da NATO em Lisboa. O desembarque previsto para o dia 31 não chega a realizar-se.

2 de FevereiroTrabalhadores rurais ocupam terras abandonadas na herdade do Picote, em Montemor-o-Novo. Início da Reforma Agrária.

7 de FevereiroGrande manifestação operária em Lisboa contra o desemprego e contra a NATO.

21 de FevereiroApresentação doPrograma Económico de Transição, elaborado por uma equipa chefiada pelo Major Ernesto Melo Antunes, com vista à recuperação económica do país.

22 de FevereiroO MFA reforça os seus poderes políticos chamando a si um direito de veto relativo a decisões políticas fundamentais.

7 e 8 de MarçoConfrontações em Setúbal entre grupos políticos. A intervenção policial provoca dois mortos e obriga à intervenção do COPCON.

11 de MarçoDivisões profundas entre oficiais do MFA. A ala spinolista é levada a tentar um golpe de estado. Insurreição na Base Aérea de Tancos e ataque aéreo ao Quartel do RAL1 . Fuga para Espanha do General Spínola e outros oficiais. Reforço da capacidade de intervenção do COPCON chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho.

12 de MarçoSão extintos a Junta de Salvação Nacional e o Conselho de Estado e em sua substituição é criado o Conselho da Revolução. O Governo dá início à execução de um grande plano de nacionalizações (Banca, Seguros, Transportes etc...).

26 de MarçoTomada de Posse do IV Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

11 de AbrilPlantaforma de acordo MFA/Partidos assinada por CDS, FSP, MDP, PCP,PPD, PS. O acordo visava o reconhecimento, por parte dos partidos, da necessidade de se manter a influência do MFA na vida política do país por um período de transição de três a cinco anos o qual terminaria por intermédio de uma revisão constitucional.

25 de AbrilEleições para a Assembleia Constituinte com uma taxa de participação de 91,7%. Resultados dos Partidos com representação parlamentar: PS 37,9%; PPD 26,4%; PCP 12,5%; CDS 7,6%; MDP 4,1%; UDP 0,7%.

19 de MaioInício do chamado Caso República . Raul Rêgo é afastado da direcção do jornal pelos trabalhadores, acusado de ter tornado o República no órgão oficioso do Partido Socialista.

25 de MaioOcupação pelos trabalhadores das instalações da Rádio Renascença, propriedade do Episcopado.

6 de JunhoEm Ponta Delgada realiza-se a primeira manifestação pública da Frente de Libertação dos Açores (FLA). Este movimento sem grande expressão e peso político reivindicava a autodeterminação dos Açores.

25 de JunhoIndependência de Moçambique.

JulhoReagindo ao curso dos acontecimentos e à situação criada no jornal República o Partido Socialista desencadeia manifestações de massas - a maior das quais foi a da Fonte Luminosa, abandonando o Governo em 16 de Julho. O Partido Popular Democrático segue-lhe o exemplo. Iniciam-se as diligências para a formação de novo Governo.

5 de JulhoIndependência de Cabo-Verde.

8 de JulhoMFA divulga o Documento "Aliança POVO/MFA. Para a construção da sociedade socialista em Portugal."

12 de JulhoIndependência de S. Tomé e Príncipe.

13 de JulhoAssalto à sede do PCP em Rio Maior. Têm aqui início uma série de acções violentas contra as sedes de partidos e organizações políticas de esquerda, registadas por todo o país mas com maior intensidade no Norte e Centro. Esta onda de violência conotada com as forças conservadoras ficou conhecida por Verão Quente.

27 de JulhoFuga de 88 agentes da ex-PIDE/DGS da prisão de Alcoentre.

30 de JulhoÉ criado no Conselho da Revolução o Triunvirato que passa a orientá-lo. Constituem-no Vasco Gonçalves, Costa Gomes e Otelo.

7 de AgostoÉ divulgado o Documento Melo Antunes, apoiado pelo Grupo dos Nove, um grupo de militares que representava a facção moderada do MFA, e que se opõem às teses políticas do Documento Guia Povo/MFA apresentado em 8 de Julho.

8 de AgostoTomada de posse do V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

10 de AgostoMelo Antunes e apoiantes são afastados do Conselho da Revolução.

12 de AgostoAparecimento do "Documento do COPCON", em contraposição ao "Documento dos Nove", e reforçando a ideia de ser atribuído um papel político relevante às Assembleias Populares (democracia de base).

30 de AgostoVasco Gonçalves é demitido do cargo de Primeiro Ministro. Iniciam-se as negociações para a formação do VI Governo Provisório, PS/PPD/PC.

10 de SetembroDesvio de 1000 espingardas automáticas G3 do DGM 6 em Beirolas.

11 de SetembroManifestação dos SUV no Porto, numa tentativa de criar no seio das Forças Armadas uma zona de influência adepta do Poder Popular de Base como advogavam alguns partidos da chamada esquerda revolucionária.

19 de SetembroTomada de posse do VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo.

21 e 22 de SetembroAgudiza-se a luta política nas ruas: manifestação dos Deficientes das Forças Armadas com ocupação de portagens de acesso a Lisboa e tentativa de sequestro do Governo. Prosseguem as nacionalizações: SETENAVE e Estaleiros de Viana do Castelo.

25 de SetembroNova manifestação dos SUV em Lisboa. Na intenção de retirar poderes ao COPCON o Governo cria o AMI - Agrupamento Militar de Intervenção.

26 de SetembroO Governo decide retirar ao COPCON "os poderes de intervenção para restabelecimento da ordem pública".

27 de SetembroManifestantes de partidos de esquerda assaltam e destroem as instalações da Embaixada de Espanha como medida de protesto contra a execução pelo garrote de cinco nacionalistas bascos, decidida pelo governo ditatorial do Generalíssimo Franco.

15 de OutubroO Governo manda selar as instalações da Rádio Renascença, ocupada desde Maio pelos trabalhadores. Mas a ocupação mantém-se.

7 de NovembroPor ordem do Governo, o recém criado AMI, faz explodir os emissores da Rádio Renascença.Confrontos violentos na região de Rio Maior entre representantes das UCP's e Cooperativas Agrícolas da Zona de Intervenção da Reforma Agrária (ligadas ao sector do trabalhadores rurais) e representantes da CAP - Confederação de Agricultores Portugueses, instituição ligada aos interesses dos proprietários agrícolas.

11 de NovembroIndependência de Angola.

12 de NovembroManifestação de trabalhadores da construção civil cerca o Palácio de S.Bento sequestrando os deputados.

15 de NovembroJuramento de bandeira no RALIS - os soldados quebram as normas militares que regulamentam os juramentos de bandeira e fazem-no de punho fechado.

20 de NovembroO Conselho da Revolução decide substituir Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço no comando da Região Militar de Lisboa.O Governo anuncia a suspensão das suas actividades alegando "falta de condições de segurança para exercício do governo do país".

Manhã de 25 de NovembroNa sequência de uma decisão do General Morais da Silva, CEMFA, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, paraquedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto e seis bases aéreas. Detêm o general Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva. Este acto é considerado pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados PS e PPD, depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar inequivocamente o destino político do país. Assim:

Tarde de 25 de NovembroElementos do Regimento de Comandos da Amadora cercam o Comando da Região Aérea de Monsanto.

Noite de 25 de NovembroO Presidente da República decreta o Estado de Sítio na Região de Lisboa. Militares afectos ao governo, da linha do Grupo dos Nove, controlam a situação.Prisão dos militares revoltosos que tinham ocupado a Base de Monsanto.

26 de NovembroComandos da Amadora atacam o Regimento da Polícia Militar, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária. Após a rendição da PM, há vítimas mortais de ambos os lados.Prisões dos militares revoltosos..

27 de NovembroOs Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON.O General António Ramalho Eanes é o novo Chefe de Estado Maior do Exército.Por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica.

28 de NovembroO VI Governo Provisório retoma funções. O Conselho de Ministros promete o direito de reserva aos donos de terras expropriadas.

7 de DezembroA Indonésia invade e ocupa o território de Timor.

1976
de JaneiroA PSP intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de Novembro de que resultam três mortos e seis feridos.

3 de JaneiroA imprensa francesa denuncia que no seguimento da invasão de Timor pela Indonésia já teriam morrido cerca de 60000 timorenses.

19 de JaneiroPrisão de Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de Novembro. Alegadamente Otelo estaria implicado no possível golpe militar de esquerda. Será libertado a 3 de Março sem que as acusações se confirmassem.

22 de JaneiroO jornal República é devolvido à anterior direcção.

23 de JaneiroLock-out na Fábrica Timex.

26 de JaneiroRevisão do Pacto MFA/Partidos. Assinam o CDS o MDP/CDE, o PPD e o PS.

29 de JaneiroOperários da Timex entram de novo em greve.

Ainda em JaneiroTem início uma série de atentados bombistas reivindicados pela extrema direita portuguesa, ELP e MDLP que se prolongará por vários meses e cujos alvos são instituições e personalidades ligados a sectores da esquerda. O julgamento dessas acções ainda hoje decorre sendo conhecido como Caso da Rede Bombista.

20 de FevereiroGrande manifestação popular em Lisboa pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.

2 de AbrilAprovação pela Assembleia Constituinte da Constituição da República de 1976.

25 de AbrilEleições legislativas. Resultados dos Partidos com representação parlamentar: PS 35%; PPD 24%; CDS 15,9%; PCP 14,6%; UDP 1,7%.

27 de JunhoEleições presidenciais. António Ramalho Eanes é o primeiro Presidente da República constitucionalmente eleito com 61,5% dos votos. Resultados dos outros candidatos mais votados: Otelo Saraiva de Carvalho 16,5%; Pinheiro de Azevedo 14,4%; Octávio Pato 7,5%.

23 de SetembroTomada de Posse do I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O MUNDO CAPITALISTA

Introdução

O desenvolvimento do mundo capitalista, “governado” pelos EUA, surge enquadrado na época da Guerra-Fria: o período de tensão política e militar vivida entre os EUA e a URSS até finais da década de 1980.
Neste período, os EUA lançaram-se numa “pactomania”, ou seja, firmaram inúmeros pactos por todo o mundo, num “desespero” para poderem garantir a sua supremacia face ao comunismo no mundo ocidental e também para garantirem a sua protecção de um possível ataque partindo da URSS. Isto integra-se no expansionismo americano.
No trabalho constam também as novas correntes políticas que nasceram nas cinzas do pós-guerra da Segunda Guerra Mundial: a Social-Democracia e a Democracia-Cristã.
De seguida, passa às novas opções económicas, nas quais se enquadram o nascimento do Estado-Providência devido à necessidade de haver reformas sociais e económicas. Ainda neste contexto surge a prosperidade económica da Europa, reerguida dos destroços da guerra devido à ajuda dos EUA.
Por fim, o trabalho trata ainda sobre as várias invenções e descobertas a nível da Ciência e da Técnica devido à expansão do taylorismo, aos baixos custos da energia utilizada e à melhoria das redes de distribuição que tiveram os seus impactos na vida das populações.
O tempo da Guerra-Fria – Consolidação de um mundo bipolar
Até aos finais da década de 80 o conflito entre as duas super-potências (EUA e URSS) passou por diferentes fases, algumas de acalmia outras de grande tensão:
. Entre 1945 e 1955 instala-se no mundo o bipolarismo com campanhas de propaganda ideológica, sendo que o medo e receio por uma guerra atómica atormentam as populações. Após a morte de Estaline, em 1953, tem começo a fase de coexistência pacífica que reavivou a comunicação entre soviéticos (Kruchtchtev) e americanos (Eisenhower).
. Contudo, mesmo com este clima ameno não foi impedida a construção do muro de Berlim, em 1961 nem a crise de Cuba em 1962, como também certos conflitos gerados nas áreas de descolonização (Terceiro Mundo).
. Entre 1975 e 1985, a paz que se vivia foi interrompida pela crise económica (petróleo), ao afrontamento nuclear e devido à derrota americana no Vietname (intervenção na guerra entre as duas repúblicas). As negociações tornam em 1985, mas apenas em 1991, com o fim do bloco soviético é que se iniciará uma nova ordem internacional.
É todo este ambiente de hostilidade e insegurança constante que provocará uma grande tensão a nível mundial ao qual se chamou Guerra-Fria*. Era uma “guerra de nervos” em que cada bloco tentou ser superior ao outro, quer em armamento, quer na ampliação das suas áreas de influência. A sua finalidade era obter a hegemonia mundial. É sustentada, a nível social, da economia e da política, por dois sistemas antagónicos – mundo capitalista e o mundo comunista – que evoluem separadamente, mas de olhar fixo um no outro, acabando, inevitavelmente por se influenciarem.

O Mundo Capitalista

A doutrina de Truman – cujo objectivo era impedir que o comunismo se difundisse mais mundialmente - acabou por dar o mote para a política externa americana.
A política externa dos EUA teve a particular característica de se estender a todo o mundo, em forma de múltiplos pactos com inúmeros países de todos os cantos do globo.
O plano Marshall – que pretendia prestar ajuda económica à Europa – foi a grande primeira etapa desta politica expansionista, ao aproximar ainda mais a Europa Ocidental dos EUA, o que permitiu a estes reerguer a Europa sob o signo do capitalismo.
Contudo, o grande impulsionador do “desespero” americano em firmar pactos por todo o mundo foi a Questão Alemã – que demonstrou o quão frágil era a relação entre os EUA e URSS.
a. O Expansionismo Americano
O Pacto do Atlântico (Washington, 1949) deu origem a uma organização político-militar da Europa e EUA – OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Esta foi fundada pelos EUA, Canadá e 10 países europeus e foi a organização militar que mais importância teve no pós-guerra.
O seu objectivo era que cada país membro fosse capaz de responder a um ataque de um inimigo que embora nunca fosse intitulado era a URSS.
Foi ainda criada a OEA (Organização dos Estados Americanos; 1948) que teve a sua origem no Pacto do Rio (1947).
O seu objectivo era a defesa do território americano caso este fosse atacado pela URSS.
Assim, para além da OTAN e da OEA, os EUA firmam alianças multilaterais por todo o mundo.
- Na Oceânia, a ANZUS (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos), 1954
- No Sudeste Asiático, a OTASE (Organização do Tratado da Ásia e do Sudeste), 1954
- No Médio Oriente, a CENTO (Organização do Tratado Central), 1955
A impossibilidade de criar um pacto que abrangesse toda a zona do oceano Pacifico, fez com que os EUA assinassem acordos e tratados bilaterais com mais de 50 países o que lhes abriu a possibilidade de construir de bases militares em inúmeros locais e assim fazer um “cerco” ao redor do mundo comunista. (Ver documento 1)
Politicamente falando, após a Segunda Guerra verificaram-se mudanças no sistema democrático ocidental.
Os problemas económicos e a constante tensão entre as duas super-potências fez com que começassem a aparecer democracias pluralistas que fundiam os valores demoliberais (liberdade individual, sufrágio universal e multipartidarismo) com a ideologia socialista (bem-estar dos cidadãos e justiça social).
Estas mudanças surgiram após a Grande Depressão ter demonstrado a necessidade de existir um Estado interventivo para controlar a economia directamente.
Assim, surgem duas novas correntes políticas: a Social-Democracia* e a Democracia-Cristã*.
A Social-Democracia une o pluralismo democrático e a livre concorrência com um Estado intervencionista de modo a ter as rédeas da economia e a garantir o bem-estar da nação.
No Reino Unido, o Partido Trabalhista liderado por Clement Atlee – sociais-democratas ingleses – vence a eleições (1945-51) e afasta assim Churchill (Partido Conservador) apesar de tudo o que este fez durante a guerra.
Um pouco pela Europa verificaram-se resultados eleitorais semelhantes (Suécia, Noruega e Dinamarca).
Originária na doutrina social da Igreja*, a condenava o capitalismo que considerava responsável por todos os problemas sociais. O seu objectivo é suprir o laicismo demoliberal, ao incutir no regime valores tradicionalmente cristãos através de uma participação mais activa dos fiéis cristãos na vida política. Pretendia ainda introduzir o humanismo nos regimes através de justiça e ajuda social para os menos afortunados.
Na Itália (Partido Democrata Cristão) e a Alemanha (CDU) esta corrente política foi a eleita.
Embora tivessem princípios diferentes, sociais-democratas e democratas-cristãos partilharam o mesmo objectivo de radicalmente mudar o sistema democrático ocidental.
No pós-guerra, na Europa aconteceu uma vaga de nacionalizações que atingiu inúmeros sectores e tornou assim o Estado no detentor das rédeas da economia nacional, o que lhe permitiu exercer a sua função de controlar directamente a economia.
O sistema de impostos não escapou a alterações e foi reforçada a progressão das suas taxas, o que – embora tivesse consequências para o rendimento dos mais afortunados – garantiu uma maior justeza na distribuição da riqueza do país.
Assim, todas estas alterações no sistema democrático do ocidente acabaram por dar origem à ideia de Estado Providência que, até hoje, teve a sua repercussão no mundo ocidental.
Guerra-Fria*: Expressão que se atribui ao clima de tensão político (ideológico) e militar (estratégico) que no final da 2ª guerra se instalou entre as duas super-potências (EUA e URSS), sobretudo de 1947 a 1962, embora se estenda até finais da década de 80. Caracteriza-se pela corrida aos armamentos, por haver conflitos localizados e crises militares, ameaças e movimentos de espionagem, mas nunca um confronto directo.
*Social-Democracia: Corrente política que reúne a democracia política e a democracia social. Tem origem no socialismo reformista de Berstein (II Internacional) que, adoptando o ideário marxista, rejeita a via revolucionária para o impor politicamente.
*Democracia-Cristã: Corrente política inspirada na doutrina social da Igreja que defende a inclusão de princípios da moral cristã e humanitários na vida política dos cidadãos e regime.
*Doutrina social da Igreja: Perante a miséria do mundo operário, no final do século XIX, o papa Leão XIII na Encíclica Rerum Novarum condenou os problemas sociais provocados pelos excessos do capitalismo. Na mesma linha o fizeram os papas Pio XII (1931) e João XXIII (1961).
b) As opções económicas
Conhecendo o estado do mundo no pós-guerra (1939-1945) (campos devastados, cidades destruídas, fábricas apenas viradas para a produção de material bélico, economia desorganizada, etc.), foi necessário tomar medidas a nível social e a nível da economia.
Assim, com base nos principio Keynesianos dos anos 30, surge o Estado-Providência* . Segundo John Keynes, economista do século XX, era importante que o estado interferisse mais activamente nas actividades económicas do país em questão. Esta teoria surgiu para se tentar combater a crise que se havia instalado com o Crash da bolsa de 1929, tendo sido posta em prática pelo Presidente Americano Roosevelt.
Regressando aos anos 40, e olhando para a crise que havia depois da guerra, vê-se o Reino Unido a abraçar a teoria de Keynes, sendo este o país pioneiro na Europa a optar pelo intervencionismo* do estado na economia, chamado em Inglaterra de Welfare Stat, por outras palavras: Estado-Providência, Estado do bem-estar. Este estado intervencionista vai suprir as necessidades básicas da população “do berço ao túmulo”, como disse Lorde Beveridge, uma das pessoas responsáveis por este sistema ter sido utilizado no Reino Unido. (Ver documento 2)
“Assim, o Estado irá intervir pelas formas e para os fins mais variados, dirigindo, incentivando ou fiscalizando, por meios autoritários ou não, a actividade dos restantes sujeitos económicos e sociais, participando ele próprio, como sujeito, nessas tarefas, produzindo, comercializando e distribuindo inúmeros bens e serviços úteis à colectividade. Exemplo de um serviço de solidariedade do Estado é a Segurança Social, que deveria garantir o mínimo de sobrevivência condigna em todas as situações de carência. O Estado deveria garantir, igualmente, o acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde.”¬Infopédia
Deste modo, as actividades do estado são ampliadas, mantendo-se o sistema capitalista. Embora com algumas pequenas diferenças de país para país, as medidas que implementaram o Estado-Providência foram:
. Os governos nacionalizaram os principais sectores produtivos – energia, transportes, extracção mineira, siderurgia, etc. – mas também os bancos, as companhias de seguros, as comunicações. Tinha também, o estado, o objectivo de garantir empregos e criou uma política de salários.
. Cada estado devia assegurar o bem-estar da população desde o momento que um indivíduo nasce até ao momento em que morre (segundo Beverige, 1942) – através de um sistema de Segurança Social. Este deveria abranger: a maternidade, doença, carência, acidente, desemprego, velhice, habitação, assistência médica, ociosidade e morte.
É o sistema nacional de saúde Inglês, gratuito e extensível a todos, que vai servir de modelo para a maioria dos países europeus.
O sistema Estado-Providência, que se baseava na nacionalização dos principais sectores produtivos, enfrentou resistência pela parte dos capitalismos liberais, que defendiam a economia de mercado, que se centrava na sua totalidade na iniciativa privada. Assim, como não podiam vigorar os dois sistemas, neste caso a economia liberal fez-se recuar perante o Estado-Providência.
Todas estas medidas que foram tomadas concorreram para o bem-estar da sociedade, sendo que houve uma melhor distribuição da riqueza o que proporcionou estabilidade económica.
Deste modo, o Estado-Providência foi um factor da grande prosperidade económica que se viveu no Ocidente após a Segunda Guerra Mundial durante três décadas.
Estado-Providência*: Estado intervencionista que proporciona segurança social, bem-estar, e as melhores condições de vida, tendo em conta a felicidade dos seus cidadãos.
Intervencionismo*: Atitude governativa, baseada na tese de Keynes (americano), que se caracteriza pela interferência mais activa do estado na regulamentação das actividades económicas.
A prosperidade económica
O crescimento económico do pós-guerra deveu-se à rentabilização do Plano Marshall (plano que os EUA estruturaram para ajudarem a Europa financeiramente, financiando-lhe cerca de 14 bilhões de dólares para a sua recuperação, assim, a América do Norte tinha o restante Ocidente nas suas “mãos”), “O objectivo dos Estados Unidos da América era criar condições às nações europeias para o estabelecimento da democracia (travando assim o avanço para ocidente da influência soviética) e tornar dependentes dos EUA as economias da Europa) ” (Infopédia). Não só com a ajuda do Plano Marshall, mas também com a criação da G.A.T.T. (Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio), isto é, com a liberalização do comércio internacional, e por fim, através da estabilidade monetária (acordos de Bretton Woods).
Paralelamente à recuperação da Europa, está a América a assumir a gestão da economia, planeando e definindo prioridades.
Deste modo, o capitalismo que parecia ter perdido as forças durante a Grande Depressão dos anos 30, ressuscitou dos destroços da guerra, atingindo o seu auge entre 1950 e 1973, sendo que durante este período vive-se uma grande prosperidade económica na Europa (incluindo os países socialistas e os do 3º mundo).
As economias cresciam a grande vapor, não se registando períodos de crise, apenas, esporadicamente, alguns abrandamentos de ritmo. Tanto crescimento a nível mundial impressionou os analistas que baptizaram estes 30 anos de prosperidade de “milagre económico”, sendo que este ficou conhecido na História como os “Trinta Anos Gloriosos”.
Diversos factores contribuíram para que houvesse este vigoroso crescimento económico, contrariamente às tradicionais crises cíclicas do capitalismo, tais como:
. A inovação técnica que houve na agricultura e na indústria foi fundamental e indispensável para reestruturar os equipamentos e processos de produção que haviam sido destruídos pela guerra. Esta inovação atingiu todos os sectores, - fibras sintéticas, plásticos, química, electrodomésticos, automóveis, “indústrias de ponta” (electrónica, aeronáutica, nuclear) –, fazendo com que houvesse um grande aumento na produtividade*, sendo que a melhor qualificação dos trabalhadores foi fundamental, isto é, tiveram mais formação e tinham um melhor nível de vida que os motivava a trabalhar. (Ver documento 3)
Produtividade*: Relação entre a quantidade de bens ou serviços produzidos e a quantidade de trabalho necessário para os produzir.
A Ciência e a Técnica
Variadas invenções e descobertas a nível industrial, crescem rapidamente devido a:
. Expansão do Taylorismo;
. Baixos custos de energia (o carvão é substituído pelo petróleo, mais abundante e mais barato: Ouro Negro);
. Melhoria nas redes de distribuição (ferroviária e rodoviária).
Não só a nível industrial, mas também a nível empresarial houve mudanças, sendo que este segundo, vai modernizar a sua gestão com novas metodologias de contabilidade e estudos estatísticos de mercado. E, como os monopólios são proibidos, a concentração empresarial vai “virar-se” para novas formas - Multinacionais*. (Ver documento 4). São os grandes económicos, responsáveis pela actual globalização.
Nos anos 60, vai-se apostar no alargamento de espaços económicos com a abolição das barreiras alfandegárias de forma a tornar o comércio internacional num grande mercado mundial (CEE).
A modernização da agricultura, sector onde a produtividade aumenta de tal modo que permite aos países desenvolvidos passarem de importadores a exportadores de produtos alimentares (mecanização, pesticidas, adubos químicos, selecção de sementes) fará aumentar o desemprego e o êxodo rural, mas permitirá a sua capitalização (produção para o mercado e maiores investimentos).
Multinacionais* - Firmas que possuem mais de 25% do seu volume de negócios fora do seu país de origem, colocando para isso empresas (filiais) em vários países do globo, onde detém grande influência.
A expansão demográfica – Baby-boom* (aumento súbito e elevado da Taxa de Natalidade, sentido entre os anos 40 e 60) – que acompanhou todos os factores referidos anteriormente é responsável pelo aumento do poder de compra, que fez crescer o número de consumidores, cada vez mais exigentes, obrigando à construção de novos equipamentos sociais (hospitais, creches, habitações e escolas), vestuário, alimentos, etc. E consequentemente, houve um aumento nos postos de trabalho nos países desenvolvidos. (Ver Gráfico 3)
Para além de todos estes factores, o crescimento da população activa deveu-se ainda, ao aumento do número de mulheres no mercado de trabalho e de imigrantes dos países menos desenvolvidos (Ex: Portugal). [Gráfico 4 (Tabela)]
O sector terciário foi o que mais cresceu, devido à expansão dos serviços de telecomunicações, bancos, seguros, publicidades, distribuição de mercadorias, administração de empresas e todos os serviços sociais do Estado-Providência (funcionários públicos). Absorve o excedente de trabalhadores dos outros sectores (ex: agrícola) e faz aumentar a classe média.
No decorrer destes 25 anos, após o segundo conflito mundial, os países europeus recuperaram e viveram uma excepcional expansão económica que, em 1974, atingia valores idênticos ao dos EUA. (Ver Gráficos 5 e 6)
Baby-boom*: É um aumento súbito e acentuado da natalidade que se fez sentir no pós-guerra, contrariando as previsões de estagnação demográfica do Ocidente.
Este desenvolvimento foi de tal forma que, a partir do modelo de vida americana (American way of life), divulgado pelo Star System (cinema/Hollywood), as sociedades europeias reorganizaram-se seguindo o modelo:
. Um lar materialmente, confortável, bem equipado, com electrodomésticos, rádio, TV, fogão, frigorífico, telefone, aquecimento, etc;
. Posse de automóvel, para os passeios familiares;
. Uso generalizado de certos produtos, divulgados pela publicidade. Ex: Coca-Cola.
As férias pagas (anos 60), week-ends, vieram acentuar a ideia de que a vida merece ser desfrutada e o dinheiro existe para se gastar.
Tudo isto só era possível devido ao pleno emprego, salários altos e promoção social, assentes no direito ao bem-estar social e felicidade individual, própria de uma sociedade desenvolvida, isto é, de uma Sociedade de Consumo* numa Era de Abundância, criada pela produção em massa, que vai aumentar a oferta e estimular o simples cidadão num consumidor nato, que compra bens supérfluos como básicos para a sua sobrevivência.
Sociedade de Consumo*: Sociedade de abundância característica da 2ª metade do século XX. Identifica-se pelo consumo em massa de bens supérfluos, que passam a ser encarados como essenciais à qualidade de vida. A sociedade de consumo é também identificada com a sociedade do desperdício, já que a vida útil dos bens é artificialmente reduzida pela vontade da sua renovação.
Uma publicidade bem organizada lembra, continuamente, as pequenas, e grandes maravilhas a que todos “têm direito” e que as vendas a crédito permitem adquirir. A oferta e a pressão publicitária são de tal forma que os bens rapidamente perdem valor, “passam de moda” e se substituem por outros mais actualizados. [Ver Gráficos 7 e 8 (tabela)]
O consumismo, que entre as duas guerras fora um fenómeno unicamente americano, instala-se duradouramente e torna-se o emblema das economias capitalistas da segunda metade do século XX.
No entanto, este crescimento económico não foi uniforme em toda a Europa, houve divergências: entre sectores de actividades, dentro de cada país (regiões e grupos sociais) e entre países. Em certas cidades existem contrastes chocantes entre a pobreza e a riqueza, pois os desperdícios de uns (lixeiras) servem para garantir a sobrevivência de outros. (Ex: Brasil, actualmente, ou até mesmo Portugal).
No inicio da década de 70, surgem os problemas decorrentes deste crescimento rápido: os recursos do planeta, a poluição, a repartição de produtividade, os valores e princípios postos em causa etc. (Ver documentos 5 e 6)
Análise de Documentos
Documento 1
“O perigo [comunista] manifesta-se sob múltiplas formas. Uma destas formas é a agressão armada aberta. Podemos reduzir grandemente este risco declarando claramente que um ataque contra a zona coberta pelo tratado desencadearia uma reacção tão unida, tão forte e tão bem direccionada que o agressor perderia mais do que poderia esperar ganhar. […]
Será necessário assegurar que os esforços individuais das diversas partes envolvidas no tratado sejam utilizados em benefício de todos. As nações aqui representadas não podem reunir exércitos terrestres tão imponentes como aqueles de que o comunismo internacional dispõe na Ásia. Se as nações livres procurassem manter importantes forças terrestres em toda a parte onde existe perigo no Mundo, contribuiriam para a sua própria destruição.
No que diz respeito aos Estados Unidos, as suas responsabilidades são tão vastas e tão dispersas que pensamos ser mais útil o desenvolvimento do efeito dissuasor de uma força de embate móvel, acompanhada das nossas reservas colocadas em pontos estratégicos.”
J.F Dulles, Objectivos da OTASE, 1954
Análise do documento:
Neste texto, J.F Dulles defende que o mundo ocidental necessita de se proteger do perigo que é o mundo comunista.
Esta defesa consistia em alegar que, se por alguma razão fossem atacados, teriam uma capacidade de resposta gigantesca que com certeza esmagaria o agressor.
Para isto, era necessário garantir que os Estados participantes do tratado usavam da sua força individual para o bem colectivo de todos os Estados membros.
Quanto aos Estados Unidos, estes estavam comprometidos com tantos países em diversos tratados e pactos que seria mais eficaz o desenvolvimento de um exército mantido em bases localizadas em pontos estratégicos, de modo a “cercar” o mundo comunista.
O exemplo Inglês - Documento 2
“Primeiro princípio: as propostas para o futuro, mesmo devendo tirar o maior partido da experiência acumulada no passado, não devem restringir-se às categorias aqui referidas. Agora que a guerra destruiu todos os pontos de referência, eis a oportunidade de utilizar numa perspectiva nova a experiência adquirida. Num momento de viragem da História do Mundo, a hora é de revoluções, não de pequenas alterações. Segundo princípio: a organização das garantias sociais deve ser considerada como um elemento de uma política mais global de progresso social. O pleno desenvolvimento das garantias sociais pode trazer a segurança dos rendimentos; é uma investida contra a pobreza. Mas a carência não é mais do que um dos cinco gigantes que barram a via da reconstrução e, de uma certa forma, é a mais fácil de atacar. As outras são a Doença, a Ignorância, a Miséria e a Ociosidade. Terceiro princípio: a Segurança Social deve ser organizada através da cooperação entre o Estado e o indivíduo. Ao Estado compete proporcionar segurança através dos serviços e prestações sociais. O Estado, ao organizar essa segurança não deve suprimir o espírito de iniciativa e o sentido das responsabilidades; ao estabelecer uma ajuda mínima à escala nacional, deve encorajar o indivíduo a procurar espontaneamente obter mais do que esse mínimo para si e para a sua família.”
William Beveridge, Relatório sobre as garantias sociais e serviços afins, 1942
Análise do documento:
Este documento foi escrito ainda durante a Segunda Guerra Mundial, por William Beverige, que influenciou decisivamente o Partido Trabalhista Inglês a optar pelo intervencionismo do estado nas actividades económicas do país.
Beverige, para tentar convencer o governo de que eram necessárias mudanças no regime, argumentou dizendo: “agora que a guerra destruiu todos os pontos de referência, eis a oportunidade de utilizar numa perspectiva nova a experiência adquirida.”, ou seja, o autor do documento queria dizer que o governo inglês deveria experimentar um novo modo de governo já que quase tudo estava perdido, excepto a “experiência adquirida”, referindo-se ao modelo americano do Estado-Providência, usado na década de 30 para fazer face à grande depressão.
Noutro ponto, Lorde Beverige refere que era importante que fosse um regime que abraçasse o povo, “política mais global de progresso social”. Assim sendo, deveria ser criada uma Segurança Social que abrangesse todas as necessidades básicas de um indivíduo “do berço ao túmulo” – “a Segurança Social deve ser organizada através da cooperação entre o Estado e o indivíduo.”
Deste modo, Beverige apresentou argumentos válidos para que fosse aceite e posto em prática, pela primeira vez na Europa, o intervencionismo do estado na economia do país de uma forma mais activa, em forma de Estado-Providência ou Estado do Bem-Estar.
A aceleração da tecnologia - Documento 3
“A taxa de renovação industrial atinge hoje um ritmo imprevisível antes da guerra e desconhecido ainda há uma década. As empresas químicas dos Estados Unidos, por exemplo, consideram uma situação normal aquela em que pelo menos metade dos seus negócios resultam de produtos que há dez anos ainda não existiam. Se a inovação se torna a forma moderna de concorrência, o esforço que uma empresa consagra à investigação científica e ao desenvolvimento técnico tem uma importância decisiva. [ ... ] Em 1965 [ ... ] a fatia do produto nacional consagrada à investigação foi de 3,65% nos Estados Unidos, contra 0,21 % na Europa [ ... ].
Este esforço contribui não só para o aumento contínuo das descobertas científicas como para a diminuição progressiva do tempo entre a descoberta e a produção industrial. É este o traço mais característico da economia moderna. Para passar da investigação científica à produção industrial foram necessários:
- 112 anos para a fotografia (1727-1839)
- 56 anos para o telefone (1820-1876)
- 35 anos para a rádio (1867-1902)
- 15 anos para o radar (1925-1940)
- 12 anos para a televisão (1922-1934)
- 6 anos para a bomba atómica (1939-1945)
- 5 anos para o transístor (1948-1953)
- 3 anos para o circuito integrado (1958-1961).”
J. J. Servan-Shreiber, Le Défi Américain, Denoel, 1967
Análise do documento:
Depois de quase 30 anos de prosperidade económica a nível mundial, um escritor e jornalista francês compara a evolução dos EUA à evolução da Europa a nível da investigação científica. “Se a inovação se torna a forma moderna de concorrência, o esforço que uma empresa consagra à investigação científica e ao desenvolvimento técnico tem uma importância decisiva.” Então, verificou-se que os Estados Unidos investiam mais na investigação do que a Europa “a fatia do produto nacional consagrada à investigação foi de 3,65% nos Estados Unidos, contra 0,21 % na Europa”. Consequentemente, o facto de os EUA apostarem mais na investigação científica do que a Europa fez com que a sua produção industrial também progredisse mais rapidamente, isto porque, a distância entre a investigação e a produção encurtava-se com o passar dos anos “para o aumento contínuo das descobertas científicas como para a diminuição progressiva do tempo entre a descoberta e a produção industrial.”
Desta forma, a Europa é “desafiada” a investir mais na investigação para tentar alcançar os valores americanos ou mesmo ultrapassá-los.
Documento 4
“As grandes firmas que dominam o mercado mundial passam a ser companhias multinacionais ou transnacionais. (…) O seu crescimento apoia-se em dois grandes tipos de estratégia: quando dispõem de uma posição de força no mercado de um produto em plena expansão, ocupam o terreno ao máximo, dedicando à pesquisa um orçamento susceptível de manter o seu avanço; pelo contrário nos sectores com perspectivas de desenvolvimento mais limitadas procuram diminuir os riscos (…). Como a casa-mãe controla os programas de investimento e o uso dos benefícios é, frequentemente, acusada de levar a cabo uma politica que não tem suficientemente em conta os interesses nacionais e escapa ao controlo do Estado.”
J. Heffer e M.Launay, A Era das duas Super-Potências
Análise do documento:
Este texto foi escrito por J.Heffer e M.Launay, na “Era das duas super-potências”. Refere-se às estratégias que as multinacionais utilizam conforme as situações apresentadas. Ora, “quando dispõem de uma posição de força no mercado” elas vão expandir-se ao máximo, alargando a sua área de influência, mas também investem muito mais quando “vêem” que existe grande possibilidade de ganhar lucro, como quando um polvo quando “estica os seus tentáculos. Ao invés, quando os sectores “com perspectivas de desenvolvimento” se apresentam mais limitados, estas empresas vão procurar “ diminuir os riscos”, de forma a não perderem os seus lucros.
A “casa-mãe” ou seja, a empresa que se encontra no país de origem, detém de um controlo de todos os programas de investimento, usando-os para seu próprio benefício, de tal forma, que é constantemente acusada “de levar a cabo uma politica que” não tem em conta não só “os interesses nacionais”, como também os interesses do país em que está inserida, e simultaneamente “escapa ao controlo do Estado” visto que têm uma grande área de influência e o Estado não tem capacidade de controlar tudo.
Documento 5
Vivo, logo compro […] A liberdade consiste em comprar, vender, trocar, aproveitar os saldos […]. A felicidade consiste na criação ininterrupta de novas necessidades e de novos produtos para satisfazê-las […] Não é suficiente dizer aos senhores Brown que bebam Coca-Cola, que lavem os dentes com Colgate e que circulem num Ford; uma mentalização e uma lavagem ao cérebro contínuas lembra-lhes em todo o lado, nas bermas das estradas, nos céus, nos periódicos e nos espectáculos, que esses produtos são amigos que os acompanham durante todo o dia.
A. Bousquet, Les Americains sont-ils Adultes?, Hachette, 1969
Análise do Documento 5:
“Vivo, logo compro”, o típico pensamento americano do qual se aproximavam os europeus, uma ideologia meramente da responsabilidade da publicidade consumista que nos acompanha actualmente.
Tal como diz, o autor A. Bosquet “não é suficiente dizer aos senhores Brown que bebam Coca-Cola, que lavem os dentes com Colgate e que circulem num Ford”, é necessário, e é isto que na prática a publicidade bem organizada faz, invadir a mente dos consumidores, dos telespectadores, fazeres-lhe “uma lavagem ao cérebro”, lembrando-lhes em todo o lado, que têm que consumir, que têm coisas boas à espera deles, à espera de serem compradas. É esta publicidade que se torna companheira “durante todo o dia”.
Documento 6
“ É a sociedade onde nós vivemos, ou seja, uma sociedade de privilegiados que explora o conjunto dos recursos naturais do mundo; os países desenvolvidos exercem sobre os recursos escassos do planeta uma proporção excessiva e desenvolvem e estabelecem um tipo de consumo que é absolutamente abusivo. Tomemos o exemplo dos EUA; com 6% da população mundial consomem 33% dos recursos globais de energia, 24 a 40% as principais matérias-primas minerais.”
René Drumont, LA Societé de Consommation, 1975
Análise ao Documento 6:
Este documento aponta para uma crítica a uma “sociedade de privilegiados” que apenas se importa com o seu bem-estar, nem que para isso tenha que explorar a maioria dos recursos naturais do mundo, estabelecendo “um tipo de consumo que é absolutamente abusivo”, já dizia, René Drumont.
Tomemos o exemplo, dos EUA que com “6% da população mundial, consomem 33% dos recursos globais de energia” e outros tantos números percentuais nas principais matérias-primas minerais do planeta.
Um tipo de exploração que irá ter precursões bastante negativas, tanto a nível ambiental como social.
Análise de Gráficos e Tabelas
Análise do Gráfico 1:

O gráfico 1 mostra o grande crescimento económico que houve durante 30 anos “Os Trinta Gloriosos Anos”, a nível mundial. Podemos verificar que nestes três sectores que o gráfico apresenta, a partir de 1955, há um grande crescimento da produção industrial, podendo ser, assim, através deste gráfico confirmada a prosperidade económica que se viveu entre 1955 e 1973.
Análise do Gráfico 2:

No gráfico 2 pode-se ver e confirmar o gráfico 1. Mostra a taxa de crescimento económico anual a nível mundial. Pode verificar-se o crescimento positivo em 3% de 1950 a 1973, o que é bastante. Assim, mais uma vez pode-se ver, agora através de um gráfico, o grande crescimento económico que houve nos “Trinta Anos Gloriosos”.
Análise do Gráfico 3:

Este gráfico representa a evolução/ expansão demográfica, no largo período de 1750 a 2250. Podemos então verificar que já desde 1750 o crescimento populacional tende a aumentar, sendo que 1940 atinge o seu auge, contrariando as previsões desta segunda metade do século XX, atingindo a densidade de 2 habitantes por metro quadrado, este crescimento deve-se não apenas à toda conjuntura favorável económica que fazia sentir, como também às melhorias na medicina e simultaneamente novas descobertas neste âmbito.
O gráfico apresenta também, uma crescente linha de expansão demográfica, no entanto, hoje em dia, já não se pode fazer essa previsão tão positiva, sendo que essa mesma linha tem tendência sempre a diminuir, havendo até uma estagnação no crescimento da população, pois as previsões apontam para o domínio da população adulta e/ou idosa.
Análise da Tabela (Gráfico 4):

Esta tabela mostra-nos o crescimento demográfico nos EUA e em alguns países da Europa Ocidental, e a comparação entre a taxa de natalidade e de mortalidade, entre o período de tempo de 1938 a 1966.
Podemos então verificar que os EUA foram o país que no final de 1966 tinha evoluído mais relativamente à TN, sendo que neste mesmo ano detinha de 19,4‰, e 9,5‰ Registados na TM, uma diferença bastante considerável que favorece a expansão demográfica.
Já o Reino Unido e França andam “quase de mãos dadas”, sendo que a sua evolução demográfica foi quase idêntica, terminando em 1966 com 17,9‰, e 17,6‰ respectivamente.
Relativamente, à TM em ambos os países, notou-se uma maior descida em França, sendo que passou de 15,4‰, em 1938/39 e 10,7‰, em 1966. O Reino Unido termina assim em 1966, com 11,8‰ Tendo em conta os registos apresentados, na TM.
Análise do Gráfico 5:

Este gráfico demonstra a evolução dos vários sectores de actividade (primário, secundário e terciário) num período de tempo que vai desde 1940 a 1970.
Podemos então verificar que, em 1940 o sector predominante era de facto o primário devido a toda uma conjuntura de melhorias tomadas neste sector (mecanização, selecção de sementes, entre outros já referidos) com 50% da população activa, no entanto, em 1970, o sector que acabou por crescer mais foi sem dúvida do terciário, devido ao surgimento de vários equipamentos que levaram ao seu desenvolvimento até aos dias de hoje, com cerca de 60% da população activa.
Análise do Gráfico 6:

A figura sete mostra-nos a estrutura da população activa em vários países do “mundo” capitalista (Estados Unidos da América, Alemanha, França e Reino Unido), num período considerável de 16 anos – 1957/73.
Numa análise mais generalizada, verificamos que o sector terciário teve uma grande evolução ao longo destes anos, em quase todos os países no gráfico referidos.
No entanto, e fazendo já uma análise mais pormenorizada da figura, sabemos que é nos EUA que o terceiro sector predomina mais com 64,2 % da população activa, em 1973, isto porque este país aposto bastante na evolução deste sector, tal como no Reino Unido, que também aposta bastante no seu desenvolvimento atingindo os 54,5% no mesmo ano.
Ao invés, a Alemanha e a França vão apostar noutros sectores. No primeiro país, o sector predominante irá ser então o secundário, visto que a Alemanha vai apostar muito no sector industrial, com 49,5% da população activa em 1973. Já na França, embora o sector que predomina no mesmo ano é o terciário com 48,8%, este país ainda detém de uma “boa fatia” de sector agrícola, pois a França sempre foi um país que apostou no sector primário, principalmente devido ao seu solo fértil e situação climatérica, até tendo sido prejudicado quando se deu o arranque industrial.
Análise do Gráfico 7:

Este gráfico, mostra a evolução do consumo per capita, em dólares constante, num período de 14 anos – 1960/74.
Logo a priori, reparamos que a evolução do consumo é mais acentuada nos EUA, sendo que este se distancia de todos outros países deste bloco capitalista, atingindo o seu valor máximo em 1972 (9 500 dólares). Em seguida, e com mais oscilações, o Reino Unido que se cruza em 1969 com a RFA, com o mesmo valor. Já a França e a Itália “andam a pés juntos” esta evolução tendo quase sempre os mesmos valores registados em dólares constantes. Assim sendo, os últimos quadros países, distanciaram-se bastante do “país líder”.
Análise do Gráfico 8 (Tabela):

Esta tabela, mostra a evolução dos bens nas famílias francesas, sendo que quem sofreu maiores alterações foi os frigoríficos, que em 1975 cerca de 91,3 % das famílias francesas possuíam este equipamento. Seguidamente, o televisor com cerca de 86,8% no mesmo ano, a máquina de lavar, como um bem já necessário, a maioria da população francesa possuía. E por fim, mas não menos importante, o automóvel, sendo que, 73,6% destas famílias possuíam meio de transporte para passeios familiares e outras utilizações.
Conclusão
O mundo capitalista aproveitou assim a fragilidade vivida no pós-guerra para estender os seus tentáculos sobre o mundo.
Desde a Europa, da qual eram “benfeitores”, até à Oceânia, os EUA firmaram uma enorme teia de pactos que acabou por cercar o mundo comunista.
Podemos retirar a conclusão de que esta rede de tratados não servia apenas para os Estados Unidos da América se protegerem de possíveis ataques armados pela parte da URSS mas também para garantirem a sua supremacia a nível mundial, mantendo debaixo da sua “asa” ¾ do mundo que aos EUA estavam ligados através de pactos.
O pós-guerra da Segunda Guerra mundial viu ainda nascer duas novas correntes políticas cujo objectivo comum era o bem-estar da população e a regulação da economia através do intervencionismo do Estado, o que se liga ao surgimento do Estado-Providência. Foi neste contexto de alterações na vida democrática ocidental que a Europa se voltou a erguer sob o signo do mundo capitalista, vivendo um clima de prosperidade económica graças às ajudas americanas - Plano Marshall - e ao G.A.T.T. (Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio).
Por fim, as inovações na Ciência e na Técnica foram indispensáveis para a melhoria da vida ocidental, como a modernização das empresas e da agricultura. Assim, o facto de as populações terem um nível de vida bom, fez com que houvesse uma “explosão de nascimentos” - baby-boom. Além disto, visto que este desenvolvimento partiu do modelo de vida americano, as sociedades europeias começaram também a adoptar o mesmo estilo de vida.
Contudo, este rápido crescimento teve as suas consequências mais tarde, com o surgimento de problemas como a poluição, esgotamento de recursos naturais, questionamento de valores, etc.
No entanto, é certo que todas estas mudanças vividas neste período se reflectem ainda nos nossos dias, como uma herança do passado.
Bibliografia
Exame Nacional: 20 valores História A – 12º Ano, Sebenta Editora, Autora: Maria Margarida Ferra Moreira
O Tempo da História 12º Ano, Porto Editora, Autores: Célia Pinto do Couto, Maria Antónia Monterroso Rosas
Web grafia
http://www.infopedia.pt/$estado-providencia