terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O MUNDO CAPITALISTA

Introdução

O desenvolvimento do mundo capitalista, “governado” pelos EUA, surge enquadrado na época da Guerra-Fria: o período de tensão política e militar vivida entre os EUA e a URSS até finais da década de 1980.
Neste período, os EUA lançaram-se numa “pactomania”, ou seja, firmaram inúmeros pactos por todo o mundo, num “desespero” para poderem garantir a sua supremacia face ao comunismo no mundo ocidental e também para garantirem a sua protecção de um possível ataque partindo da URSS. Isto integra-se no expansionismo americano.
No trabalho constam também as novas correntes políticas que nasceram nas cinzas do pós-guerra da Segunda Guerra Mundial: a Social-Democracia e a Democracia-Cristã.
De seguida, passa às novas opções económicas, nas quais se enquadram o nascimento do Estado-Providência devido à necessidade de haver reformas sociais e económicas. Ainda neste contexto surge a prosperidade económica da Europa, reerguida dos destroços da guerra devido à ajuda dos EUA.
Por fim, o trabalho trata ainda sobre as várias invenções e descobertas a nível da Ciência e da Técnica devido à expansão do taylorismo, aos baixos custos da energia utilizada e à melhoria das redes de distribuição que tiveram os seus impactos na vida das populações.
O tempo da Guerra-Fria – Consolidação de um mundo bipolar
Até aos finais da década de 80 o conflito entre as duas super-potências (EUA e URSS) passou por diferentes fases, algumas de acalmia outras de grande tensão:
. Entre 1945 e 1955 instala-se no mundo o bipolarismo com campanhas de propaganda ideológica, sendo que o medo e receio por uma guerra atómica atormentam as populações. Após a morte de Estaline, em 1953, tem começo a fase de coexistência pacífica que reavivou a comunicação entre soviéticos (Kruchtchtev) e americanos (Eisenhower).
. Contudo, mesmo com este clima ameno não foi impedida a construção do muro de Berlim, em 1961 nem a crise de Cuba em 1962, como também certos conflitos gerados nas áreas de descolonização (Terceiro Mundo).
. Entre 1975 e 1985, a paz que se vivia foi interrompida pela crise económica (petróleo), ao afrontamento nuclear e devido à derrota americana no Vietname (intervenção na guerra entre as duas repúblicas). As negociações tornam em 1985, mas apenas em 1991, com o fim do bloco soviético é que se iniciará uma nova ordem internacional.
É todo este ambiente de hostilidade e insegurança constante que provocará uma grande tensão a nível mundial ao qual se chamou Guerra-Fria*. Era uma “guerra de nervos” em que cada bloco tentou ser superior ao outro, quer em armamento, quer na ampliação das suas áreas de influência. A sua finalidade era obter a hegemonia mundial. É sustentada, a nível social, da economia e da política, por dois sistemas antagónicos – mundo capitalista e o mundo comunista – que evoluem separadamente, mas de olhar fixo um no outro, acabando, inevitavelmente por se influenciarem.

O Mundo Capitalista

A doutrina de Truman – cujo objectivo era impedir que o comunismo se difundisse mais mundialmente - acabou por dar o mote para a política externa americana.
A política externa dos EUA teve a particular característica de se estender a todo o mundo, em forma de múltiplos pactos com inúmeros países de todos os cantos do globo.
O plano Marshall – que pretendia prestar ajuda económica à Europa – foi a grande primeira etapa desta politica expansionista, ao aproximar ainda mais a Europa Ocidental dos EUA, o que permitiu a estes reerguer a Europa sob o signo do capitalismo.
Contudo, o grande impulsionador do “desespero” americano em firmar pactos por todo o mundo foi a Questão Alemã – que demonstrou o quão frágil era a relação entre os EUA e URSS.
a. O Expansionismo Americano
O Pacto do Atlântico (Washington, 1949) deu origem a uma organização político-militar da Europa e EUA – OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Esta foi fundada pelos EUA, Canadá e 10 países europeus e foi a organização militar que mais importância teve no pós-guerra.
O seu objectivo era que cada país membro fosse capaz de responder a um ataque de um inimigo que embora nunca fosse intitulado era a URSS.
Foi ainda criada a OEA (Organização dos Estados Americanos; 1948) que teve a sua origem no Pacto do Rio (1947).
O seu objectivo era a defesa do território americano caso este fosse atacado pela URSS.
Assim, para além da OTAN e da OEA, os EUA firmam alianças multilaterais por todo o mundo.
- Na Oceânia, a ANZUS (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos), 1954
- No Sudeste Asiático, a OTASE (Organização do Tratado da Ásia e do Sudeste), 1954
- No Médio Oriente, a CENTO (Organização do Tratado Central), 1955
A impossibilidade de criar um pacto que abrangesse toda a zona do oceano Pacifico, fez com que os EUA assinassem acordos e tratados bilaterais com mais de 50 países o que lhes abriu a possibilidade de construir de bases militares em inúmeros locais e assim fazer um “cerco” ao redor do mundo comunista. (Ver documento 1)
Politicamente falando, após a Segunda Guerra verificaram-se mudanças no sistema democrático ocidental.
Os problemas económicos e a constante tensão entre as duas super-potências fez com que começassem a aparecer democracias pluralistas que fundiam os valores demoliberais (liberdade individual, sufrágio universal e multipartidarismo) com a ideologia socialista (bem-estar dos cidadãos e justiça social).
Estas mudanças surgiram após a Grande Depressão ter demonstrado a necessidade de existir um Estado interventivo para controlar a economia directamente.
Assim, surgem duas novas correntes políticas: a Social-Democracia* e a Democracia-Cristã*.
A Social-Democracia une o pluralismo democrático e a livre concorrência com um Estado intervencionista de modo a ter as rédeas da economia e a garantir o bem-estar da nação.
No Reino Unido, o Partido Trabalhista liderado por Clement Atlee – sociais-democratas ingleses – vence a eleições (1945-51) e afasta assim Churchill (Partido Conservador) apesar de tudo o que este fez durante a guerra.
Um pouco pela Europa verificaram-se resultados eleitorais semelhantes (Suécia, Noruega e Dinamarca).
Originária na doutrina social da Igreja*, a condenava o capitalismo que considerava responsável por todos os problemas sociais. O seu objectivo é suprir o laicismo demoliberal, ao incutir no regime valores tradicionalmente cristãos através de uma participação mais activa dos fiéis cristãos na vida política. Pretendia ainda introduzir o humanismo nos regimes através de justiça e ajuda social para os menos afortunados.
Na Itália (Partido Democrata Cristão) e a Alemanha (CDU) esta corrente política foi a eleita.
Embora tivessem princípios diferentes, sociais-democratas e democratas-cristãos partilharam o mesmo objectivo de radicalmente mudar o sistema democrático ocidental.
No pós-guerra, na Europa aconteceu uma vaga de nacionalizações que atingiu inúmeros sectores e tornou assim o Estado no detentor das rédeas da economia nacional, o que lhe permitiu exercer a sua função de controlar directamente a economia.
O sistema de impostos não escapou a alterações e foi reforçada a progressão das suas taxas, o que – embora tivesse consequências para o rendimento dos mais afortunados – garantiu uma maior justeza na distribuição da riqueza do país.
Assim, todas estas alterações no sistema democrático do ocidente acabaram por dar origem à ideia de Estado Providência que, até hoje, teve a sua repercussão no mundo ocidental.
Guerra-Fria*: Expressão que se atribui ao clima de tensão político (ideológico) e militar (estratégico) que no final da 2ª guerra se instalou entre as duas super-potências (EUA e URSS), sobretudo de 1947 a 1962, embora se estenda até finais da década de 80. Caracteriza-se pela corrida aos armamentos, por haver conflitos localizados e crises militares, ameaças e movimentos de espionagem, mas nunca um confronto directo.
*Social-Democracia: Corrente política que reúne a democracia política e a democracia social. Tem origem no socialismo reformista de Berstein (II Internacional) que, adoptando o ideário marxista, rejeita a via revolucionária para o impor politicamente.
*Democracia-Cristã: Corrente política inspirada na doutrina social da Igreja que defende a inclusão de princípios da moral cristã e humanitários na vida política dos cidadãos e regime.
*Doutrina social da Igreja: Perante a miséria do mundo operário, no final do século XIX, o papa Leão XIII na Encíclica Rerum Novarum condenou os problemas sociais provocados pelos excessos do capitalismo. Na mesma linha o fizeram os papas Pio XII (1931) e João XXIII (1961).
b) As opções económicas
Conhecendo o estado do mundo no pós-guerra (1939-1945) (campos devastados, cidades destruídas, fábricas apenas viradas para a produção de material bélico, economia desorganizada, etc.), foi necessário tomar medidas a nível social e a nível da economia.
Assim, com base nos principio Keynesianos dos anos 30, surge o Estado-Providência* . Segundo John Keynes, economista do século XX, era importante que o estado interferisse mais activamente nas actividades económicas do país em questão. Esta teoria surgiu para se tentar combater a crise que se havia instalado com o Crash da bolsa de 1929, tendo sido posta em prática pelo Presidente Americano Roosevelt.
Regressando aos anos 40, e olhando para a crise que havia depois da guerra, vê-se o Reino Unido a abraçar a teoria de Keynes, sendo este o país pioneiro na Europa a optar pelo intervencionismo* do estado na economia, chamado em Inglaterra de Welfare Stat, por outras palavras: Estado-Providência, Estado do bem-estar. Este estado intervencionista vai suprir as necessidades básicas da população “do berço ao túmulo”, como disse Lorde Beveridge, uma das pessoas responsáveis por este sistema ter sido utilizado no Reino Unido. (Ver documento 2)
“Assim, o Estado irá intervir pelas formas e para os fins mais variados, dirigindo, incentivando ou fiscalizando, por meios autoritários ou não, a actividade dos restantes sujeitos económicos e sociais, participando ele próprio, como sujeito, nessas tarefas, produzindo, comercializando e distribuindo inúmeros bens e serviços úteis à colectividade. Exemplo de um serviço de solidariedade do Estado é a Segurança Social, que deveria garantir o mínimo de sobrevivência condigna em todas as situações de carência. O Estado deveria garantir, igualmente, o acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde.”¬Infopédia
Deste modo, as actividades do estado são ampliadas, mantendo-se o sistema capitalista. Embora com algumas pequenas diferenças de país para país, as medidas que implementaram o Estado-Providência foram:
. Os governos nacionalizaram os principais sectores produtivos – energia, transportes, extracção mineira, siderurgia, etc. – mas também os bancos, as companhias de seguros, as comunicações. Tinha também, o estado, o objectivo de garantir empregos e criou uma política de salários.
. Cada estado devia assegurar o bem-estar da população desde o momento que um indivíduo nasce até ao momento em que morre (segundo Beverige, 1942) – através de um sistema de Segurança Social. Este deveria abranger: a maternidade, doença, carência, acidente, desemprego, velhice, habitação, assistência médica, ociosidade e morte.
É o sistema nacional de saúde Inglês, gratuito e extensível a todos, que vai servir de modelo para a maioria dos países europeus.
O sistema Estado-Providência, que se baseava na nacionalização dos principais sectores produtivos, enfrentou resistência pela parte dos capitalismos liberais, que defendiam a economia de mercado, que se centrava na sua totalidade na iniciativa privada. Assim, como não podiam vigorar os dois sistemas, neste caso a economia liberal fez-se recuar perante o Estado-Providência.
Todas estas medidas que foram tomadas concorreram para o bem-estar da sociedade, sendo que houve uma melhor distribuição da riqueza o que proporcionou estabilidade económica.
Deste modo, o Estado-Providência foi um factor da grande prosperidade económica que se viveu no Ocidente após a Segunda Guerra Mundial durante três décadas.
Estado-Providência*: Estado intervencionista que proporciona segurança social, bem-estar, e as melhores condições de vida, tendo em conta a felicidade dos seus cidadãos.
Intervencionismo*: Atitude governativa, baseada na tese de Keynes (americano), que se caracteriza pela interferência mais activa do estado na regulamentação das actividades económicas.
A prosperidade económica
O crescimento económico do pós-guerra deveu-se à rentabilização do Plano Marshall (plano que os EUA estruturaram para ajudarem a Europa financeiramente, financiando-lhe cerca de 14 bilhões de dólares para a sua recuperação, assim, a América do Norte tinha o restante Ocidente nas suas “mãos”), “O objectivo dos Estados Unidos da América era criar condições às nações europeias para o estabelecimento da democracia (travando assim o avanço para ocidente da influência soviética) e tornar dependentes dos EUA as economias da Europa) ” (Infopédia). Não só com a ajuda do Plano Marshall, mas também com a criação da G.A.T.T. (Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio), isto é, com a liberalização do comércio internacional, e por fim, através da estabilidade monetária (acordos de Bretton Woods).
Paralelamente à recuperação da Europa, está a América a assumir a gestão da economia, planeando e definindo prioridades.
Deste modo, o capitalismo que parecia ter perdido as forças durante a Grande Depressão dos anos 30, ressuscitou dos destroços da guerra, atingindo o seu auge entre 1950 e 1973, sendo que durante este período vive-se uma grande prosperidade económica na Europa (incluindo os países socialistas e os do 3º mundo).
As economias cresciam a grande vapor, não se registando períodos de crise, apenas, esporadicamente, alguns abrandamentos de ritmo. Tanto crescimento a nível mundial impressionou os analistas que baptizaram estes 30 anos de prosperidade de “milagre económico”, sendo que este ficou conhecido na História como os “Trinta Anos Gloriosos”.
Diversos factores contribuíram para que houvesse este vigoroso crescimento económico, contrariamente às tradicionais crises cíclicas do capitalismo, tais como:
. A inovação técnica que houve na agricultura e na indústria foi fundamental e indispensável para reestruturar os equipamentos e processos de produção que haviam sido destruídos pela guerra. Esta inovação atingiu todos os sectores, - fibras sintéticas, plásticos, química, electrodomésticos, automóveis, “indústrias de ponta” (electrónica, aeronáutica, nuclear) –, fazendo com que houvesse um grande aumento na produtividade*, sendo que a melhor qualificação dos trabalhadores foi fundamental, isto é, tiveram mais formação e tinham um melhor nível de vida que os motivava a trabalhar. (Ver documento 3)
Produtividade*: Relação entre a quantidade de bens ou serviços produzidos e a quantidade de trabalho necessário para os produzir.
A Ciência e a Técnica
Variadas invenções e descobertas a nível industrial, crescem rapidamente devido a:
. Expansão do Taylorismo;
. Baixos custos de energia (o carvão é substituído pelo petróleo, mais abundante e mais barato: Ouro Negro);
. Melhoria nas redes de distribuição (ferroviária e rodoviária).
Não só a nível industrial, mas também a nível empresarial houve mudanças, sendo que este segundo, vai modernizar a sua gestão com novas metodologias de contabilidade e estudos estatísticos de mercado. E, como os monopólios são proibidos, a concentração empresarial vai “virar-se” para novas formas - Multinacionais*. (Ver documento 4). São os grandes económicos, responsáveis pela actual globalização.
Nos anos 60, vai-se apostar no alargamento de espaços económicos com a abolição das barreiras alfandegárias de forma a tornar o comércio internacional num grande mercado mundial (CEE).
A modernização da agricultura, sector onde a produtividade aumenta de tal modo que permite aos países desenvolvidos passarem de importadores a exportadores de produtos alimentares (mecanização, pesticidas, adubos químicos, selecção de sementes) fará aumentar o desemprego e o êxodo rural, mas permitirá a sua capitalização (produção para o mercado e maiores investimentos).
Multinacionais* - Firmas que possuem mais de 25% do seu volume de negócios fora do seu país de origem, colocando para isso empresas (filiais) em vários países do globo, onde detém grande influência.
A expansão demográfica – Baby-boom* (aumento súbito e elevado da Taxa de Natalidade, sentido entre os anos 40 e 60) – que acompanhou todos os factores referidos anteriormente é responsável pelo aumento do poder de compra, que fez crescer o número de consumidores, cada vez mais exigentes, obrigando à construção de novos equipamentos sociais (hospitais, creches, habitações e escolas), vestuário, alimentos, etc. E consequentemente, houve um aumento nos postos de trabalho nos países desenvolvidos. (Ver Gráfico 3)
Para além de todos estes factores, o crescimento da população activa deveu-se ainda, ao aumento do número de mulheres no mercado de trabalho e de imigrantes dos países menos desenvolvidos (Ex: Portugal). [Gráfico 4 (Tabela)]
O sector terciário foi o que mais cresceu, devido à expansão dos serviços de telecomunicações, bancos, seguros, publicidades, distribuição de mercadorias, administração de empresas e todos os serviços sociais do Estado-Providência (funcionários públicos). Absorve o excedente de trabalhadores dos outros sectores (ex: agrícola) e faz aumentar a classe média.
No decorrer destes 25 anos, após o segundo conflito mundial, os países europeus recuperaram e viveram uma excepcional expansão económica que, em 1974, atingia valores idênticos ao dos EUA. (Ver Gráficos 5 e 6)
Baby-boom*: É um aumento súbito e acentuado da natalidade que se fez sentir no pós-guerra, contrariando as previsões de estagnação demográfica do Ocidente.
Este desenvolvimento foi de tal forma que, a partir do modelo de vida americana (American way of life), divulgado pelo Star System (cinema/Hollywood), as sociedades europeias reorganizaram-se seguindo o modelo:
. Um lar materialmente, confortável, bem equipado, com electrodomésticos, rádio, TV, fogão, frigorífico, telefone, aquecimento, etc;
. Posse de automóvel, para os passeios familiares;
. Uso generalizado de certos produtos, divulgados pela publicidade. Ex: Coca-Cola.
As férias pagas (anos 60), week-ends, vieram acentuar a ideia de que a vida merece ser desfrutada e o dinheiro existe para se gastar.
Tudo isto só era possível devido ao pleno emprego, salários altos e promoção social, assentes no direito ao bem-estar social e felicidade individual, própria de uma sociedade desenvolvida, isto é, de uma Sociedade de Consumo* numa Era de Abundância, criada pela produção em massa, que vai aumentar a oferta e estimular o simples cidadão num consumidor nato, que compra bens supérfluos como básicos para a sua sobrevivência.
Sociedade de Consumo*: Sociedade de abundância característica da 2ª metade do século XX. Identifica-se pelo consumo em massa de bens supérfluos, que passam a ser encarados como essenciais à qualidade de vida. A sociedade de consumo é também identificada com a sociedade do desperdício, já que a vida útil dos bens é artificialmente reduzida pela vontade da sua renovação.
Uma publicidade bem organizada lembra, continuamente, as pequenas, e grandes maravilhas a que todos “têm direito” e que as vendas a crédito permitem adquirir. A oferta e a pressão publicitária são de tal forma que os bens rapidamente perdem valor, “passam de moda” e se substituem por outros mais actualizados. [Ver Gráficos 7 e 8 (tabela)]
O consumismo, que entre as duas guerras fora um fenómeno unicamente americano, instala-se duradouramente e torna-se o emblema das economias capitalistas da segunda metade do século XX.
No entanto, este crescimento económico não foi uniforme em toda a Europa, houve divergências: entre sectores de actividades, dentro de cada país (regiões e grupos sociais) e entre países. Em certas cidades existem contrastes chocantes entre a pobreza e a riqueza, pois os desperdícios de uns (lixeiras) servem para garantir a sobrevivência de outros. (Ex: Brasil, actualmente, ou até mesmo Portugal).
No inicio da década de 70, surgem os problemas decorrentes deste crescimento rápido: os recursos do planeta, a poluição, a repartição de produtividade, os valores e princípios postos em causa etc. (Ver documentos 5 e 6)
Análise de Documentos
Documento 1
“O perigo [comunista] manifesta-se sob múltiplas formas. Uma destas formas é a agressão armada aberta. Podemos reduzir grandemente este risco declarando claramente que um ataque contra a zona coberta pelo tratado desencadearia uma reacção tão unida, tão forte e tão bem direccionada que o agressor perderia mais do que poderia esperar ganhar. […]
Será necessário assegurar que os esforços individuais das diversas partes envolvidas no tratado sejam utilizados em benefício de todos. As nações aqui representadas não podem reunir exércitos terrestres tão imponentes como aqueles de que o comunismo internacional dispõe na Ásia. Se as nações livres procurassem manter importantes forças terrestres em toda a parte onde existe perigo no Mundo, contribuiriam para a sua própria destruição.
No que diz respeito aos Estados Unidos, as suas responsabilidades são tão vastas e tão dispersas que pensamos ser mais útil o desenvolvimento do efeito dissuasor de uma força de embate móvel, acompanhada das nossas reservas colocadas em pontos estratégicos.”
J.F Dulles, Objectivos da OTASE, 1954
Análise do documento:
Neste texto, J.F Dulles defende que o mundo ocidental necessita de se proteger do perigo que é o mundo comunista.
Esta defesa consistia em alegar que, se por alguma razão fossem atacados, teriam uma capacidade de resposta gigantesca que com certeza esmagaria o agressor.
Para isto, era necessário garantir que os Estados participantes do tratado usavam da sua força individual para o bem colectivo de todos os Estados membros.
Quanto aos Estados Unidos, estes estavam comprometidos com tantos países em diversos tratados e pactos que seria mais eficaz o desenvolvimento de um exército mantido em bases localizadas em pontos estratégicos, de modo a “cercar” o mundo comunista.
O exemplo Inglês - Documento 2
“Primeiro princípio: as propostas para o futuro, mesmo devendo tirar o maior partido da experiência acumulada no passado, não devem restringir-se às categorias aqui referidas. Agora que a guerra destruiu todos os pontos de referência, eis a oportunidade de utilizar numa perspectiva nova a experiência adquirida. Num momento de viragem da História do Mundo, a hora é de revoluções, não de pequenas alterações. Segundo princípio: a organização das garantias sociais deve ser considerada como um elemento de uma política mais global de progresso social. O pleno desenvolvimento das garantias sociais pode trazer a segurança dos rendimentos; é uma investida contra a pobreza. Mas a carência não é mais do que um dos cinco gigantes que barram a via da reconstrução e, de uma certa forma, é a mais fácil de atacar. As outras são a Doença, a Ignorância, a Miséria e a Ociosidade. Terceiro princípio: a Segurança Social deve ser organizada através da cooperação entre o Estado e o indivíduo. Ao Estado compete proporcionar segurança através dos serviços e prestações sociais. O Estado, ao organizar essa segurança não deve suprimir o espírito de iniciativa e o sentido das responsabilidades; ao estabelecer uma ajuda mínima à escala nacional, deve encorajar o indivíduo a procurar espontaneamente obter mais do que esse mínimo para si e para a sua família.”
William Beveridge, Relatório sobre as garantias sociais e serviços afins, 1942
Análise do documento:
Este documento foi escrito ainda durante a Segunda Guerra Mundial, por William Beverige, que influenciou decisivamente o Partido Trabalhista Inglês a optar pelo intervencionismo do estado nas actividades económicas do país.
Beverige, para tentar convencer o governo de que eram necessárias mudanças no regime, argumentou dizendo: “agora que a guerra destruiu todos os pontos de referência, eis a oportunidade de utilizar numa perspectiva nova a experiência adquirida.”, ou seja, o autor do documento queria dizer que o governo inglês deveria experimentar um novo modo de governo já que quase tudo estava perdido, excepto a “experiência adquirida”, referindo-se ao modelo americano do Estado-Providência, usado na década de 30 para fazer face à grande depressão.
Noutro ponto, Lorde Beverige refere que era importante que fosse um regime que abraçasse o povo, “política mais global de progresso social”. Assim sendo, deveria ser criada uma Segurança Social que abrangesse todas as necessidades básicas de um indivíduo “do berço ao túmulo” – “a Segurança Social deve ser organizada através da cooperação entre o Estado e o indivíduo.”
Deste modo, Beverige apresentou argumentos válidos para que fosse aceite e posto em prática, pela primeira vez na Europa, o intervencionismo do estado na economia do país de uma forma mais activa, em forma de Estado-Providência ou Estado do Bem-Estar.
A aceleração da tecnologia - Documento 3
“A taxa de renovação industrial atinge hoje um ritmo imprevisível antes da guerra e desconhecido ainda há uma década. As empresas químicas dos Estados Unidos, por exemplo, consideram uma situação normal aquela em que pelo menos metade dos seus negócios resultam de produtos que há dez anos ainda não existiam. Se a inovação se torna a forma moderna de concorrência, o esforço que uma empresa consagra à investigação científica e ao desenvolvimento técnico tem uma importância decisiva. [ ... ] Em 1965 [ ... ] a fatia do produto nacional consagrada à investigação foi de 3,65% nos Estados Unidos, contra 0,21 % na Europa [ ... ].
Este esforço contribui não só para o aumento contínuo das descobertas científicas como para a diminuição progressiva do tempo entre a descoberta e a produção industrial. É este o traço mais característico da economia moderna. Para passar da investigação científica à produção industrial foram necessários:
- 112 anos para a fotografia (1727-1839)
- 56 anos para o telefone (1820-1876)
- 35 anos para a rádio (1867-1902)
- 15 anos para o radar (1925-1940)
- 12 anos para a televisão (1922-1934)
- 6 anos para a bomba atómica (1939-1945)
- 5 anos para o transístor (1948-1953)
- 3 anos para o circuito integrado (1958-1961).”
J. J. Servan-Shreiber, Le Défi Américain, Denoel, 1967
Análise do documento:
Depois de quase 30 anos de prosperidade económica a nível mundial, um escritor e jornalista francês compara a evolução dos EUA à evolução da Europa a nível da investigação científica. “Se a inovação se torna a forma moderna de concorrência, o esforço que uma empresa consagra à investigação científica e ao desenvolvimento técnico tem uma importância decisiva.” Então, verificou-se que os Estados Unidos investiam mais na investigação do que a Europa “a fatia do produto nacional consagrada à investigação foi de 3,65% nos Estados Unidos, contra 0,21 % na Europa”. Consequentemente, o facto de os EUA apostarem mais na investigação científica do que a Europa fez com que a sua produção industrial também progredisse mais rapidamente, isto porque, a distância entre a investigação e a produção encurtava-se com o passar dos anos “para o aumento contínuo das descobertas científicas como para a diminuição progressiva do tempo entre a descoberta e a produção industrial.”
Desta forma, a Europa é “desafiada” a investir mais na investigação para tentar alcançar os valores americanos ou mesmo ultrapassá-los.
Documento 4
“As grandes firmas que dominam o mercado mundial passam a ser companhias multinacionais ou transnacionais. (…) O seu crescimento apoia-se em dois grandes tipos de estratégia: quando dispõem de uma posição de força no mercado de um produto em plena expansão, ocupam o terreno ao máximo, dedicando à pesquisa um orçamento susceptível de manter o seu avanço; pelo contrário nos sectores com perspectivas de desenvolvimento mais limitadas procuram diminuir os riscos (…). Como a casa-mãe controla os programas de investimento e o uso dos benefícios é, frequentemente, acusada de levar a cabo uma politica que não tem suficientemente em conta os interesses nacionais e escapa ao controlo do Estado.”
J. Heffer e M.Launay, A Era das duas Super-Potências
Análise do documento:
Este texto foi escrito por J.Heffer e M.Launay, na “Era das duas super-potências”. Refere-se às estratégias que as multinacionais utilizam conforme as situações apresentadas. Ora, “quando dispõem de uma posição de força no mercado” elas vão expandir-se ao máximo, alargando a sua área de influência, mas também investem muito mais quando “vêem” que existe grande possibilidade de ganhar lucro, como quando um polvo quando “estica os seus tentáculos. Ao invés, quando os sectores “com perspectivas de desenvolvimento” se apresentam mais limitados, estas empresas vão procurar “ diminuir os riscos”, de forma a não perderem os seus lucros.
A “casa-mãe” ou seja, a empresa que se encontra no país de origem, detém de um controlo de todos os programas de investimento, usando-os para seu próprio benefício, de tal forma, que é constantemente acusada “de levar a cabo uma politica que” não tem em conta não só “os interesses nacionais”, como também os interesses do país em que está inserida, e simultaneamente “escapa ao controlo do Estado” visto que têm uma grande área de influência e o Estado não tem capacidade de controlar tudo.
Documento 5
Vivo, logo compro […] A liberdade consiste em comprar, vender, trocar, aproveitar os saldos […]. A felicidade consiste na criação ininterrupta de novas necessidades e de novos produtos para satisfazê-las […] Não é suficiente dizer aos senhores Brown que bebam Coca-Cola, que lavem os dentes com Colgate e que circulem num Ford; uma mentalização e uma lavagem ao cérebro contínuas lembra-lhes em todo o lado, nas bermas das estradas, nos céus, nos periódicos e nos espectáculos, que esses produtos são amigos que os acompanham durante todo o dia.
A. Bousquet, Les Americains sont-ils Adultes?, Hachette, 1969
Análise do Documento 5:
“Vivo, logo compro”, o típico pensamento americano do qual se aproximavam os europeus, uma ideologia meramente da responsabilidade da publicidade consumista que nos acompanha actualmente.
Tal como diz, o autor A. Bosquet “não é suficiente dizer aos senhores Brown que bebam Coca-Cola, que lavem os dentes com Colgate e que circulem num Ford”, é necessário, e é isto que na prática a publicidade bem organizada faz, invadir a mente dos consumidores, dos telespectadores, fazeres-lhe “uma lavagem ao cérebro”, lembrando-lhes em todo o lado, que têm que consumir, que têm coisas boas à espera deles, à espera de serem compradas. É esta publicidade que se torna companheira “durante todo o dia”.
Documento 6
“ É a sociedade onde nós vivemos, ou seja, uma sociedade de privilegiados que explora o conjunto dos recursos naturais do mundo; os países desenvolvidos exercem sobre os recursos escassos do planeta uma proporção excessiva e desenvolvem e estabelecem um tipo de consumo que é absolutamente abusivo. Tomemos o exemplo dos EUA; com 6% da população mundial consomem 33% dos recursos globais de energia, 24 a 40% as principais matérias-primas minerais.”
René Drumont, LA Societé de Consommation, 1975
Análise ao Documento 6:
Este documento aponta para uma crítica a uma “sociedade de privilegiados” que apenas se importa com o seu bem-estar, nem que para isso tenha que explorar a maioria dos recursos naturais do mundo, estabelecendo “um tipo de consumo que é absolutamente abusivo”, já dizia, René Drumont.
Tomemos o exemplo, dos EUA que com “6% da população mundial, consomem 33% dos recursos globais de energia” e outros tantos números percentuais nas principais matérias-primas minerais do planeta.
Um tipo de exploração que irá ter precursões bastante negativas, tanto a nível ambiental como social.
Análise de Gráficos e Tabelas
Análise do Gráfico 1:

O gráfico 1 mostra o grande crescimento económico que houve durante 30 anos “Os Trinta Gloriosos Anos”, a nível mundial. Podemos verificar que nestes três sectores que o gráfico apresenta, a partir de 1955, há um grande crescimento da produção industrial, podendo ser, assim, através deste gráfico confirmada a prosperidade económica que se viveu entre 1955 e 1973.
Análise do Gráfico 2:

No gráfico 2 pode-se ver e confirmar o gráfico 1. Mostra a taxa de crescimento económico anual a nível mundial. Pode verificar-se o crescimento positivo em 3% de 1950 a 1973, o que é bastante. Assim, mais uma vez pode-se ver, agora através de um gráfico, o grande crescimento económico que houve nos “Trinta Anos Gloriosos”.
Análise do Gráfico 3:

Este gráfico representa a evolução/ expansão demográfica, no largo período de 1750 a 2250. Podemos então verificar que já desde 1750 o crescimento populacional tende a aumentar, sendo que 1940 atinge o seu auge, contrariando as previsões desta segunda metade do século XX, atingindo a densidade de 2 habitantes por metro quadrado, este crescimento deve-se não apenas à toda conjuntura favorável económica que fazia sentir, como também às melhorias na medicina e simultaneamente novas descobertas neste âmbito.
O gráfico apresenta também, uma crescente linha de expansão demográfica, no entanto, hoje em dia, já não se pode fazer essa previsão tão positiva, sendo que essa mesma linha tem tendência sempre a diminuir, havendo até uma estagnação no crescimento da população, pois as previsões apontam para o domínio da população adulta e/ou idosa.
Análise da Tabela (Gráfico 4):

Esta tabela mostra-nos o crescimento demográfico nos EUA e em alguns países da Europa Ocidental, e a comparação entre a taxa de natalidade e de mortalidade, entre o período de tempo de 1938 a 1966.
Podemos então verificar que os EUA foram o país que no final de 1966 tinha evoluído mais relativamente à TN, sendo que neste mesmo ano detinha de 19,4‰, e 9,5‰ Registados na TM, uma diferença bastante considerável que favorece a expansão demográfica.
Já o Reino Unido e França andam “quase de mãos dadas”, sendo que a sua evolução demográfica foi quase idêntica, terminando em 1966 com 17,9‰, e 17,6‰ respectivamente.
Relativamente, à TM em ambos os países, notou-se uma maior descida em França, sendo que passou de 15,4‰, em 1938/39 e 10,7‰, em 1966. O Reino Unido termina assim em 1966, com 11,8‰ Tendo em conta os registos apresentados, na TM.
Análise do Gráfico 5:

Este gráfico demonstra a evolução dos vários sectores de actividade (primário, secundário e terciário) num período de tempo que vai desde 1940 a 1970.
Podemos então verificar que, em 1940 o sector predominante era de facto o primário devido a toda uma conjuntura de melhorias tomadas neste sector (mecanização, selecção de sementes, entre outros já referidos) com 50% da população activa, no entanto, em 1970, o sector que acabou por crescer mais foi sem dúvida do terciário, devido ao surgimento de vários equipamentos que levaram ao seu desenvolvimento até aos dias de hoje, com cerca de 60% da população activa.
Análise do Gráfico 6:

A figura sete mostra-nos a estrutura da população activa em vários países do “mundo” capitalista (Estados Unidos da América, Alemanha, França e Reino Unido), num período considerável de 16 anos – 1957/73.
Numa análise mais generalizada, verificamos que o sector terciário teve uma grande evolução ao longo destes anos, em quase todos os países no gráfico referidos.
No entanto, e fazendo já uma análise mais pormenorizada da figura, sabemos que é nos EUA que o terceiro sector predomina mais com 64,2 % da população activa, em 1973, isto porque este país aposto bastante na evolução deste sector, tal como no Reino Unido, que também aposta bastante no seu desenvolvimento atingindo os 54,5% no mesmo ano.
Ao invés, a Alemanha e a França vão apostar noutros sectores. No primeiro país, o sector predominante irá ser então o secundário, visto que a Alemanha vai apostar muito no sector industrial, com 49,5% da população activa em 1973. Já na França, embora o sector que predomina no mesmo ano é o terciário com 48,8%, este país ainda detém de uma “boa fatia” de sector agrícola, pois a França sempre foi um país que apostou no sector primário, principalmente devido ao seu solo fértil e situação climatérica, até tendo sido prejudicado quando se deu o arranque industrial.
Análise do Gráfico 7:

Este gráfico, mostra a evolução do consumo per capita, em dólares constante, num período de 14 anos – 1960/74.
Logo a priori, reparamos que a evolução do consumo é mais acentuada nos EUA, sendo que este se distancia de todos outros países deste bloco capitalista, atingindo o seu valor máximo em 1972 (9 500 dólares). Em seguida, e com mais oscilações, o Reino Unido que se cruza em 1969 com a RFA, com o mesmo valor. Já a França e a Itália “andam a pés juntos” esta evolução tendo quase sempre os mesmos valores registados em dólares constantes. Assim sendo, os últimos quadros países, distanciaram-se bastante do “país líder”.
Análise do Gráfico 8 (Tabela):

Esta tabela, mostra a evolução dos bens nas famílias francesas, sendo que quem sofreu maiores alterações foi os frigoríficos, que em 1975 cerca de 91,3 % das famílias francesas possuíam este equipamento. Seguidamente, o televisor com cerca de 86,8% no mesmo ano, a máquina de lavar, como um bem já necessário, a maioria da população francesa possuía. E por fim, mas não menos importante, o automóvel, sendo que, 73,6% destas famílias possuíam meio de transporte para passeios familiares e outras utilizações.
Conclusão
O mundo capitalista aproveitou assim a fragilidade vivida no pós-guerra para estender os seus tentáculos sobre o mundo.
Desde a Europa, da qual eram “benfeitores”, até à Oceânia, os EUA firmaram uma enorme teia de pactos que acabou por cercar o mundo comunista.
Podemos retirar a conclusão de que esta rede de tratados não servia apenas para os Estados Unidos da América se protegerem de possíveis ataques armados pela parte da URSS mas também para garantirem a sua supremacia a nível mundial, mantendo debaixo da sua “asa” ¾ do mundo que aos EUA estavam ligados através de pactos.
O pós-guerra da Segunda Guerra mundial viu ainda nascer duas novas correntes políticas cujo objectivo comum era o bem-estar da população e a regulação da economia através do intervencionismo do Estado, o que se liga ao surgimento do Estado-Providência. Foi neste contexto de alterações na vida democrática ocidental que a Europa se voltou a erguer sob o signo do mundo capitalista, vivendo um clima de prosperidade económica graças às ajudas americanas - Plano Marshall - e ao G.A.T.T. (Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio).
Por fim, as inovações na Ciência e na Técnica foram indispensáveis para a melhoria da vida ocidental, como a modernização das empresas e da agricultura. Assim, o facto de as populações terem um nível de vida bom, fez com que houvesse uma “explosão de nascimentos” - baby-boom. Além disto, visto que este desenvolvimento partiu do modelo de vida americano, as sociedades europeias começaram também a adoptar o mesmo estilo de vida.
Contudo, este rápido crescimento teve as suas consequências mais tarde, com o surgimento de problemas como a poluição, esgotamento de recursos naturais, questionamento de valores, etc.
No entanto, é certo que todas estas mudanças vividas neste período se reflectem ainda nos nossos dias, como uma herança do passado.
Bibliografia
Exame Nacional: 20 valores História A – 12º Ano, Sebenta Editora, Autora: Maria Margarida Ferra Moreira
O Tempo da História 12º Ano, Porto Editora, Autores: Célia Pinto do Couto, Maria Antónia Monterroso Rosas
Web grafia
http://www.infopedia.pt/$estado-providencia

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

GUERRA FRIA

O TEMPO DA GUERRA FRIA – A CONSOLIDAÇÃO DE UM MUNDO BIPOLAR

“Guerra Fria” é a expressão que se atribui ao clima de tensão político-ideológico que no final da Segunda Guerra Mundial se instalou entre as duas superpotências (EUA e URSS), e que se estende até ao final da década de 80. No entanto, nunca houve um conflito directo, caracterizando-se apenas pela corrida aos armamentos, ameaças e movimentos de espionagem, conflitos locais, etc. Era uma “guerra de nervos”, sustentada pelo antagonismo de duas concepções diferentes de organização política (EUA – Liberalismo/Capitalismo; URSS – Socialismo/Comunismo).
Assim, no tempo da Guerra Fria, assistiu-se á consolidação de um mundo bipolar. De um lado, um bloco liderado pelos EUA, politicamente adepto da democracia liberal, pluripartidária e economicamente defensor do modelo capitalista (assente na livre iniciativa e na livre concorrência). Do outro lado, o bloco liderado pela URSS, defensora do regime socialista, cujo modelo económico assentava nos princípios da colectivização e planificação estatal da economia.

O mundo capitalista

Política de alianças
O acentuar das tensões políticas conduziu á formação de alianças militares que simbolizaram o antagonismo militar, ou seja, os EUA e a URSS procuraram estender a sua influência ao maior número possível de países. Criou-se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderado pelos EUA (sendo o objectivo principal a segurança colectiva, isto é, ter a capacidade de resposta perante a um ataque armado) e, em resposta, foi constituído o Pacto de Varsóvia, liderado pela URSS, para a defesa militar do seu bloco.

A prosperidade económica e a sociedade de consumo

No decorrer de 25/30 anos após a guerra, os países europeus recuperaram e viveram uma excepcional recuperação económica (a produção industrial cresceu, houve uma revolução nos transportes, cresceu o numero de empresas, a agricultura modernizou-se, o sector terciário expandiu-se, etc.). Este desenvolvimento económico fez nascer a sociedade de consumo, isto é, as populações são incitadas a comprar um número crescente de bens que ultrapassam a satisfação das necessidades básicas (lar materialmente confortável, bem equipado com electrodomésticos, rádio, TV, telefone, automóveis, etc.), tudo isto possível devido ao pleno emprego e bons salários (resultados da recuperação económica). A forma que se arranjou para estimular o consumo, foi através da publicidade.

A afirmação do Estado-Providência

A Grande Depressão já tinha demonstrado a importância de um Estado económica e socialmente interventivo. O Estado torna-se, por esta via, o principal agente económico do país, o que lhe permite exercer a sua função reguladora da economia. O país pioneiro do Welfware State, isto é, o Estado do bem-estar (Estado Providência), foi o Reino Unido, onde cada cidadão tem asseguradas as suas necessidades básicas. Ao Estado caberá a tarefa de corrigir as desigualdades, daí o seu intervencionismo. As medidas principais do EP foram a nacionalização da economia e o garantir de reformas que abrangesse situações como maternidade, velhice, doenças. Este conjunto de medidas visa um duplo objectivo: por um lado reduz a miséria e o mal-estar social; por outro, assegura uma certa estabilidade á economia. O Estado-Providência foi um factor da prosperidade económica.

O mundo comunista

O expansionismo soviético
Após a 2ª Guerra, a URSS foi responsável pela implantação de regimes comunistas, inspirados no modelo soviético, por todo o mundo, ou seja, estendeu a sua influência à Europa, Ásia e África. Os países europeus que aderiram ao modelo soviético foram a Bulgária, Albânia, Roménia e Polónia. Estes novos países socialistas receberam a designação de democracias populares (designação atribuída aos regimes em que o Partido Comunista, afirmando representar os interesses dos trabalhadores, se impõem como Partido Único, controlando as instituições do Estado). Como resposta à OTAN, a URSS cria o Pacto de Varsóvia, com objectivos idênticos: a assistência mútua entre os países membros. Os países asiáticos que sofreram influência soviética foram a Mongólia, China e Coreia. O ponto fulcral da expansão comunista na América Latina foi Cuba, onde um punhado de revolucionários sob o comando de Fidel Castro e do Che Guevara derrubaram o governo apoiado pelos EUA.

Opções e realizações da economia de direcção central

No final da 2ª guerra, a economia soviética estava arrasada. Para afirmar o seu papel de superpotência, obtido com a vitória, havia que recuperar e rapidamente. Para tal, foi recuperada a planificação económica, onde foi dado prioridade à indústria pesada. Assim, a URSS e os países de modelo soviético registaram um crescimento industrial tão significativo que ascenderam à segunda posição da indústria mundial. No entanto, o nível de vida das populações não acompanhou esta evolução económica (faltavam bens de consumo, os horários de trabalho são excessivos, os salários são baixos, as populações amontoam-se em bairros periféricos, etc.) No entanto, as economias de direcção central (dirigidas pelo Estado) evidenciavam as suas debilidades: à a prioridade concedida à indústria levou à falta de investimento em outros sectores; à a planificação económica, o “jogar pelo seguro”, reduzia certos factores importantes, como o risco no investimento, o que revelou ser um entrave ao progresso. Destes bloqueios económicos resultou a estagnação da economia soviética. Apesar de inúmeras tentativas de a ultrapassar, estes bloqueios acabarão por conduzir à falência dos regimes comunistas europeus, no fim dos anos 80. A extinção da União Soviética deu-se a 1991.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A QUESTÃO ALEMÃ


O Bloqueio de Berlim

"Após o fim da Segunda Guerra Mundial, da mesma forma como a Alemanha havia sido dividida em dois Estados – um administrado pelos Aliados ocidentais e o outro, pelos soviéticos – também a cidade de Berlim foi dividida em duas partes: a oriental e a ocidental. Por se localizar no leste do país, Berlim Ocidental era um enclave da Alemanha Oriental.

Em represália à determinação dos Aliados em introduzir o marco alemão como unidade monetária também em Berlim Ocidental, de 23 para 24 de junho de 1948 o então chefe de estado soviético, Estaline, ordenou o bloqueio de rodovias e ferrovias e do transporte fluvial.

Como a cidade de 2,2 milhões de habitantes ainda estava em ruínas, dependia completamente da ajuda externa. Isolado das zonas ocidentais e de Berlim Oriental, o oeste de Berlim ficou sem luz e alimentos até 12 de maio de 1949, dia em que a União Soviética encerrou o bloqueio.
A resposta dos Aliados foi o abastecimento pelo ar – ou Operação Vittles, a maior e mais importante operação aérea de ajuda humanitária já realizada. Os três corredores aéreos de 32 quilómetros de largura ligando Berlim a Hamburgo, Frankfurt e Bückeburg haviam sido aprovados pelos Aliados já em 30 de novembro de 1945, para o transporte regular entre a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental."

"Os soviéticos encerraram o bloqueio em 1949, quando viram que era inútil tentar subjugar Berlim Ocidental por terra, pois a cidade era totalmente suprida pelo ar de combustível, alimentos e produtos básicos pelos paises ocidentais."


* Explica a importância do acontecimento representado na imagem para a definição das relações leste-oeste nas décadas seguintes


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010