terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CRONOLOGIA - DA DITADURA À DEMOCRACIA


Antes do 25 de Abril

1958
Campanha do General Humberto Delgado, candidato da oposição democrática às eleições presidenciais. Américo Tomás, candidato do regime é o Presidente eleito.
Criação, em Portugal, na clandestinidade, da Junta de Libertação Nacional, movimento político de oposição ao regime de Salazar.



1959

MOVIMENTO MILITAR INDEPENDENTE de 11 de Março 1959, também conhecido por Revolta da Sé (por ter sido a Sé de Lisboa um dos locais de reunião dos conspiradores) visou o derrube da ditadura de Salazar e foi liderado por uma Junta Militar da qual faziam parte os majores Luís Cesariny Calafate , Pastor Fernandes, Alvarenga e capitão Almeida Santos. A maioria foi presa, tendo o major Calafate depois de um longo asilo político na Embaixada da Venezuela seguido para o exílio onde continuou a luta pela democracia em Portugal. Os elementos de ligação à rede civil eram o Dr. Sousa Tavares e Manuel Serra .



1960

A ONU aprova uma recomendação condenando o Colonialismo Português. Portugal contesta afirmando que as suas Províncias Ultramarinas não são colónias.
3 de JaneiroDo Forte de Peniche, uma das cadeias de alta segurança utilizadas pelo governo para encarcerar os seus opositores políticos, fogem dez prisioneiros políticos entre os quais Álvaro Cunhal, líder do Partido Comunista Português.



1961

22 de JaneiroOperação Ducineia. Desvio do navio português Santa Maria, levado a cabo pelo Capitão Henrique Galvão , em colaboração com o General Humberto Delgado. Com esta acção, considerada "o primeiro acto de pirataria dos tempo modernos", procurava-se chamar a atenção da comunidade internacional para a situação política interna de Portugal e para a ausência das liberdades fundamentais no país.

31 de JaneiroDivulgação do "Programa para a Democratização da República" subscrito por um grupo de cidadãos ligados ao sector da Oposição Democrática.

4 de FevereiroEm Angola, no seguimento de várias acções repressivas da polícia portuguesa sobre grupos de trabalhadores africanos que reivindicavam melhores condições de trabalho, o MPLA ataca a prisão de Luanda. No norte do território a UPA desencadeia vários ataques sobre a população branca. É o início da Guerra Colonial.

13 de AbrilTentativa de golpe de estado encabeçado pelo General Botelho Moniz, então o Ministro da Defesa. Os chefes do movimento são detidos.

18 de DezembroA União Indiana anexa Goa, Damão e Diu, possessões portuguesas em território indiano.

19 de DezembroO escultor e militante comunista José Dias Coelho é assassinado no bairro de Alcântara, em Lisboa, pela PIDE, a polícia política bastião do regime ditatorial.



1962

1 de JaneiroRevolta de Beja . Um grupo de militares, entre os quais o capitão Varela Gomes, em luta contra o regime de Salazar tenta ocupar o Quartel de Beja. A tentativa falha e são detidos e expulsos das FAs os militares directamente envolvidos. O General Humberto Delgado, exilado desde as últimas eleições presidenciais, tinha entrado clandestinamente em Portugal para apoiar a acção. Em face do desaire, regressa ao exílio.
12 de MarçoA Rádio Portugal Livre, emissora clandestina criada para propaganda das actividades contra o regime de Salazar, inicia as suas emissões a partir de Argel.
26 de MarçoO Dia do Estudante é proibido em Lisboa. Os estudantes de Lisboa entram em greve. A Academia de Coimbra solidariza-se e a luta estudantil mantém-se acesa até Maio. A AAC é encerrada.
DezembroCriação em Argel da FPLN, no decurso da I Conferência de Forças da Oposição.

1963
Cisão maoista no Partido Comunista Português. Aparecimento da FAP-CML.

AbrilInício da luta armada na Guiné.

1964
25 de SetembroInício da luta armada em Moçambique.

1965
Cisão na FPLN. Constituição da ASP.

13 de FevereiroHumberto Delgado é assassinado pela PIDE em Vila Nueva del Fresno, perto de Badajoz (Espanha).

1966
DezembroÉ divulgado um abaixo-assinado de elementos conotados com diversos sectores da Oposição Democrática, em que se fazia apelo ao restabelecimento das liberdades fundamentais no país e se pedia a demissão de Salazar. Esse documento ficou conhecido como Manifesto dos 118.

1967
17 de MaioAssalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, numa primeira acção da LUAR. O golpe é dirigido por Palma Inácio.
Assalto à sede da 3a Região Militar em Évora: desvio de armas pela LUAR.

1968
6 de SetembroNa sequência de uma queda, Salazar é afastado do Governo por motivos de saúde e Marcelo Caetano é nomeado Primeiro Ministro.

DezembroDevido ao forte clima de contestação estudantil vivido em Lisboa nos dois últimos meses, o Governo manda encerrar o Instituto Superior Técnico. É decretado pela academia de Lisboa "luto académico".

1969
3 de FevereiroAssassínio, em Der-es-Salam, de Eduardo Mondlane, líder da FRELIMO.
17 de AbrilEm Coimbra, desencadeia-se a crise universitária de 1969 na sequência da qual é decretada greve às aulas e, mais tarde, o boicote aos exames da época de Junho.
15 de MaioII Congresso Republicano de Aveiro.
26 de OutubroEleições para a Assembleia Nacional. Como seria de prever num regime de partido único em que a oposição política era tolerada mas não aceite. A ANP, partido do governo ganha as eleições. Formação, no seio da ANP do que ficou conhecido como "Ala Liberal". Integrava, entre outros, Pinto Leite, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota, Miller Guerra e comportou-se como uma "oposição moderada" dentro do próprio regime.
17 de NovembroO governo muda o nome da polícia política de PIDE para DGS.

1970
27 de JulhoAo cabo de cerca de ano e meio de doença que o inibira do desempenho das funções de Presidente do Conselho de Ministros, Salazar morre em Lisboa.
1 de OutubroCriação da Intersindical, primeira central sindical portuguesa.

1971
8 de MarçoA Acção Revolucionária Armada (ARA) afecta ao PCP, ataca a Base Aérea de Tancos e destrói toda a frota de helicópteros e alguns aviões de treino.
16 de AgostoNuma tentativa de aparentar uma certa abertura do regime, a Assembleia Nacional aprova uma resolução constitucional em que se preconiza "maior autonomia para as Províncias Ultramarinas". Entretanto Portugal continuava a ignorar as recomendações da ONU relativamente aos territórios africanos sob governo português.

1972
12 de OutubroEm Lisboa o estudante de engenharia, Ribeiro dos Santos, afecto ao MRPP é morto a tiro pela polícia no decorrer de uma manifestação. O caso dará aso a grandes manifestações estudantis.

2 de NovembroA Assembleia Geral da ONU reconhece a "legitimidade da luta armada contra Portugal, em África".

16 de DezembroO Exército Portugês desencadeia uma operação militar sobre a população indígena em Wiriyamu (Moçambique). Mais tarde a imprensa internacional irá denunciar esta acção e o caso tornar-se-á tristemente célebre sob a designação de Massacres de Wiriyamu.

1973
20 de JaneiroAmílcar Cabral, líder do PAIGC é assassinado em Conakry.

4 de AbrilEm Aveiro realiza-se o III Congresso da Oposição Democrática.
A visita de Marcelo Caetano a Londres é aproveitada pela imprensa britânica para denunciar os massacres do colonialismo português em Wiriyamu.

19 de AbrilNuma reunião da ASP, realizada perto de Bona, é fundado o PS.

21 de AgostoPrimeira reunião clandestina de capitães em Bissau.

9 de SetembroReunião clandestina de capitães no Monte Sobral (Alcáçovas): nascimento do MFA.

24 de SetembroNas regiões libertadas, reunida a Assembleia Popular, é proclamada unilateralmente a independência do Estado da Guiné-Bissau.

Ano da Revolução
1974

22 de Fevereiro Publicação do livro Portugal e o Futuro do General António de Spínola, em que este defende que a solução para a guerra colonial deverá ser política e não militar.

5 de Março Nova reunião da Comissão Coordenadora do MFA. É lido e decidido pôr a circular no seio do Movimento dos Capitães o primeiro documento do Movimento contra o regime e a Guerra Colonial: intitulava-se "Os Militares, as Forças Armadas e a Nação" e foi elaborado por Melo Antunes

14 de Março O Governo demite os Generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia de solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças Armadas. Essa cerimónia de solidariedade será ironicamente baptizada nos meios ligados à oposição ao regime como "Brigada do Reumático" nome pelo qual ainda hoje é muitas vezes referenciada. A demissão dos dois generais virá a ser determinante na aceleração das operações militares contra o regime.
16 de Março Tentativa de golpe militar contra o regime. Só o Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha marcha sobre Lisboa. O golpe falhou. São presos cerca de 200 militares.

24 de Março Última reunião clandestina da Comissão Coordenadora do MFA, na qual foi decidido o derrube do regime e o golpe militar.

23 de Abril Otelo Saraiva de Carvalho entrega, a capitães mensageiros, sobrescritos fechados contendo as instruções para as acções a desencadear na noite de 24 para 25 e um exemplar do jornal a Época, como identificação, destinada às unidades participantes.

24 de Abril O jornal República, em breve notícia, chama a atenção dos seus leitores para a emissão do programa Limite dessa noite, na Rádio Renascença .

24 de Abril - 22:00 horas Otelo Saraiva de Carvalho e outros cinco oficiais ligados ao MFA já estão no Regimento de Engenharia 1 na Pontinha onde, desde a véspera, fora clandestinamente preparado o Posto de Comando do Movimento. Será ele a comandar as operações militares contra o regime.
24 de Abril - 22:55 horas A transmissão da canção " E depois do Adeus ", interpretada por Paulo de Carvalho, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, marca o ínicio das operações militares contra o regime.

25 de Abril - 00:20 horas A transmissão da canção " Grândola Vila Morena " de José Afonso, no programa Limite da Rádio Renancença, é a senha escolhida pelo MFA, como sinal confirmativo de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.

25 de Abril - Das 00:30 às 16:00 horas Ocupação de pontos estratégicos considerados fundamentais ( RTP, Emissora Nacional, Rádio Clube Português, Aeroporto de Lisboa, Quartel General, Estado Maior do Exército, Ministério do Exército, Banco de Portugal e Marconi).
Primeiro Comunicado do MFA difundido pelo Rádio Clube Português
Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém estacionam no Terreiro do Paço.
As forças paramilitares leais ao regime começam a render-se: a Legião Portuguesa é a primeira.
Desde a primeira hora o povo vem para a rua para expressar a sua alegria.
Início do cerco ao Quartel do Carmo, chefiado por Salgueiro Maia, entre milhares de pessoas que apoiavam os militares revoltosos. Dentro do Quartel estão refugiados Marcelo Caetano e mais dois ministros do seu Gabinete.

25 de Abril - 16:30 horas Expirado o prazo inicial para a rendição anunciado por megafone pelo Capitão Salgueiro Maia, e após algumas diligências feitas por mediadores civis, Marcelo Caetano faz saber que está disposto a render-se e pede a comparência no Quartel do Carmo de um oficial do MFA de patente não inferior a coronel.

25 de Abril - 17:45 horas Spínola, mandatado pelo MFA entra no Quartel do Carmo para negociar a rendição do Governo.
O Quartel do Carmo hasteia a bandeira branca.

25 de Abril - 19:30 horas Rendição de Marcelo Caetano. A chaimite BULA entra no Quartel para retirar o ex-presidente do Conselho e os ministros que o acompanhavam, levando-os, à guarda do MFA para o Posto de Comando do Movimento no Quartel da Pontinha.

25 de Abril - 20:00 horas Disparos de elementos da PIDE/DGS sobre manifestantes que começavam a afluir à sede daquela polícia na Rua António Maria Cardoso, fazem quatro mortos e 45 feridos.

26 de Abril A PIDE/DGS rende-se após conversa telefónica entre o General Spínola e Silva Pais director daquela corporação.
Apresentação da Junta de Salvação Nacional ao país, perante as câmaras da RTP.
Por ordem do MFA, Marcelo Caetano, Américo Tomás, César Moreira Baptista e outros elementos afectos ao antigo regime, são enviados para a Madeira.
O General Spínola é designado Presidente da República.
Libertação dos presos políticos de Caxias e Peniche.

27 de Abril Apresentação do Programa do Movimento das Forças Armadas.

29 a 30 de Abril Regresso dos líderes do Partido Socialista (Mário Soares) e do Partido Comunista Português (Álvaro Cunhal).

1 de Maio Manifestação do 1º de Maio, em Lisboa, congrega cerca de 500.000 pessoas. Outras grandes manifestações decorreram nas principais cidades do país.

4 de Maio O MRPP organiza a primeira manifestação de boicote ao embarque de soldados para as colónias. A Junta de Salvação Nacional previra a necessidade de envio de alguns batalhões de militares para substituirem a tropa portuguesa ainda em território africano e cujo período de mobilização já terminara. Pensava-se também que seria importante manter as Forças Armadas Portuguesas em África até final das negociações com os Movimentos de Libertação Africanos, com vista à independência dos territórios.

16 de Maio Tomada de posse do Iº Governo Provisório, presidido por Adelino da Palma Carlos.
Do I Governo fazem parte, entre outros, Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro.

20 de Maio Américo Tomás e Marcelo Caetano, com o conhecimento da JSN mas não do Governo, partem para o exílio no Brasil.

25 de Maio Início das conversações com o PAIGC.

26 de Maio É fixado o primeiro Salário Mínimo Nacional em 3300$00.

Maio / Junho Grandes conflitos laborais e lutas de trabalhadores começam a surgir em algumas das grandes empresas portuguesas LISNAVE, TIMEX, CTT.
Inicia-se um grande movimento popular de ocupações de casas desabitadas que vai prolongar-se por vários meses. A Junta de Salvação Nacional legaliza, em 19 de Maio, as ocupações verificadas e proíbe novas ocupações.

6 de Junho Conversações preliminares com a FRELIMO, em Lusaka, com vista à independência de Moçambique.

8 de Julho É criado o COPCON, chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho

9 de Julho O Primeiro Ministro Palma Carlos pede a demissão do cargo por alegadamente não ter condicões políticas para governar numa clara alusão ao peso da influência do MFA. Com ele solidarizam-se alguns ministros do seu Gabinete entre eles Francisco Sá Carneiro

12 de Julho Vasco Gonçalves é indigitado por Spínola para o cargo de Primeiro Ministro.

18 de Julho Tomada de posse do IIº Governo Provisório, presidido por um homem do MFA, o General Vasco Gonçalves.

27 de Julho Spínola reconhece o direito à independência das colónias africanas.

Julho / Agosto Greves da MABOR, TAP, SOGANTAL e JORNAL DO COMÉRCIO.

8 de Agosto Motim de ex-agentes da PIDE/DGS presos na Penitenciária de Lisboa.

28 de Agosto Promulgação da Lei da Greve.

31 de Agosto Por despacho conjunto do Ministério da Admnistração Interna e do Ministério do Equipamento Social é criado o SAAL vocacionado para intervir na área da habitação social. No processo SAAL colaboraram então alguns dos arquitectos portugueses hoje internacionalmente reconhecidos, como Siza Vieira e Alves Costa. Ficaram célebres as áreas de intervenção do Barredo no Porto, as de Setúbal e de Évora.

6 de Setembro Acordos de Lusaka entre a FRELIMO e o Governo Português.

7 de Setembro Tentativa de tomada de poder pelas forças neo-colonialistas em Lourenço Marques.

9 de Setembro O Governo Português reconhece a Guiné-Bissau como país independente.

10 de Setembro Apelo de Spínola à chamada Maioria Silenciosa, numa tentativa de procurar o apoio dos sectores mais conservadores da sociedade portuguesa. Em resposta a este apelo surgem na imprensa, dias mais tarde, notícias que anunciam para dia 28 uma manifestação de apoio a Spínola.

26 de Setembro António de Spínola e Vasco Gonçalves assistem a uma corrida de toiros no Campo Pequeno. Vasco Gonçalves é apupado por manifestantes conotados com a Maioria Silenciosa.

28 de Setembro Em resposta à anunciada manifestação da Maioria Silenciosa são organizadas barricadas populares junto às saídas de Lisboa e um pouco por todo o país. No final dessa noite, os militares substituem os civis nas barricadas. Mais de uma centena de pessoas, entre figuras gratas ao regime deposto, quadros da Legião Portuguesa e participantes activos da manifestação abortada da Maioria Silenciosa, são detidas por Forças Militares.

30 de Setembro Apresentação da demissão do Presidente da República General António de Spínola e nomeação do General Costa Gomes.
Tomada de Posse do III Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

6 de Outubro "Um dia de trabalho para a Nação" proposto pelo Primeiro Ministro. Um domingo é transformado em dia útil de trabalho oferecido gratuitamente pelos trabalhadores ao país. A adesão é significativa e o resultado financeiro desta campanha será dias mais tarde estimado pelas entidades oficiais competentes em cerca de 13000 contos.

27 de Outubro O Governo anuncia as Campanhas de Dinamização Cultural, empreendidas pela 5ª Divisão do EMGFA com o objectivo de "cumprir integralmente o programa do MFA e colocar as Forças Armadas ao serviço de um projecto de desenvolvimento do Povo Português".

11 de Novembro O Ministério da Educação e Cultura institui o Serviço Cívico Estudantil, ano vestibular antes da entrada definitiva no ensino superior e que mobilizou milhares estudantes para brigadas de alfabetização e de educação sanitária junto das populações.

7 de Dezembro Por decisão do Governo é decidido o pagamento do 13º mês aos pensionistas do Estado.

9 de Dezembro Tem início o renceamento eleitoral com vista à realização das primeiras eleições em liberdade.

13 de Dezembro Os Estados Unidos concedem ao governo português um importante empréstimo financeiro no âmbito de um Plano de Ajuda Económica a Portugal.

Anos Posteriores à Revolução
1975

15 de JaneiroAcordos de Alvor entre o Governo Português e os Movimentos de Libertação Angolanos. Fixa-se a data da independência: 11/11/75.

28 de JaneiroMilitantes de vários grupos de esquerda cercam o Palácio de Cristal no Porto, local onde decorre o Congresso do MFA proíbe todas as manifestações durante o período em que se desenvolverão as manobras da NATO em Lisboa. O desembarque previsto para o dia 31 não chega a realizar-se.

2 de FevereiroTrabalhadores rurais ocupam terras abandonadas na herdade do Picote, em Montemor-o-Novo. Início da Reforma Agrária.

7 de FevereiroGrande manifestação operária em Lisboa contra o desemprego e contra a NATO.

21 de FevereiroApresentação doPrograma Económico de Transição, elaborado por uma equipa chefiada pelo Major Ernesto Melo Antunes, com vista à recuperação económica do país.

22 de FevereiroO MFA reforça os seus poderes políticos chamando a si um direito de veto relativo a decisões políticas fundamentais.

7 e 8 de MarçoConfrontações em Setúbal entre grupos políticos. A intervenção policial provoca dois mortos e obriga à intervenção do COPCON.

11 de MarçoDivisões profundas entre oficiais do MFA. A ala spinolista é levada a tentar um golpe de estado. Insurreição na Base Aérea de Tancos e ataque aéreo ao Quartel do RAL1 . Fuga para Espanha do General Spínola e outros oficiais. Reforço da capacidade de intervenção do COPCON chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho.

12 de MarçoSão extintos a Junta de Salvação Nacional e o Conselho de Estado e em sua substituição é criado o Conselho da Revolução. O Governo dá início à execução de um grande plano de nacionalizações (Banca, Seguros, Transportes etc...).

26 de MarçoTomada de Posse do IV Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

11 de AbrilPlantaforma de acordo MFA/Partidos assinada por CDS, FSP, MDP, PCP,PPD, PS. O acordo visava o reconhecimento, por parte dos partidos, da necessidade de se manter a influência do MFA na vida política do país por um período de transição de três a cinco anos o qual terminaria por intermédio de uma revisão constitucional.

25 de AbrilEleições para a Assembleia Constituinte com uma taxa de participação de 91,7%. Resultados dos Partidos com representação parlamentar: PS 37,9%; PPD 26,4%; PCP 12,5%; CDS 7,6%; MDP 4,1%; UDP 0,7%.

19 de MaioInício do chamado Caso República . Raul Rêgo é afastado da direcção do jornal pelos trabalhadores, acusado de ter tornado o República no órgão oficioso do Partido Socialista.

25 de MaioOcupação pelos trabalhadores das instalações da Rádio Renascença, propriedade do Episcopado.

6 de JunhoEm Ponta Delgada realiza-se a primeira manifestação pública da Frente de Libertação dos Açores (FLA). Este movimento sem grande expressão e peso político reivindicava a autodeterminação dos Açores.

25 de JunhoIndependência de Moçambique.

JulhoReagindo ao curso dos acontecimentos e à situação criada no jornal República o Partido Socialista desencadeia manifestações de massas - a maior das quais foi a da Fonte Luminosa, abandonando o Governo em 16 de Julho. O Partido Popular Democrático segue-lhe o exemplo. Iniciam-se as diligências para a formação de novo Governo.

5 de JulhoIndependência de Cabo-Verde.

8 de JulhoMFA divulga o Documento "Aliança POVO/MFA. Para a construção da sociedade socialista em Portugal."

12 de JulhoIndependência de S. Tomé e Príncipe.

13 de JulhoAssalto à sede do PCP em Rio Maior. Têm aqui início uma série de acções violentas contra as sedes de partidos e organizações políticas de esquerda, registadas por todo o país mas com maior intensidade no Norte e Centro. Esta onda de violência conotada com as forças conservadoras ficou conhecida por Verão Quente.

27 de JulhoFuga de 88 agentes da ex-PIDE/DGS da prisão de Alcoentre.

30 de JulhoÉ criado no Conselho da Revolução o Triunvirato que passa a orientá-lo. Constituem-no Vasco Gonçalves, Costa Gomes e Otelo.

7 de AgostoÉ divulgado o Documento Melo Antunes, apoiado pelo Grupo dos Nove, um grupo de militares que representava a facção moderada do MFA, e que se opõem às teses políticas do Documento Guia Povo/MFA apresentado em 8 de Julho.

8 de AgostoTomada de posse do V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.

10 de AgostoMelo Antunes e apoiantes são afastados do Conselho da Revolução.

12 de AgostoAparecimento do "Documento do COPCON", em contraposição ao "Documento dos Nove", e reforçando a ideia de ser atribuído um papel político relevante às Assembleias Populares (democracia de base).

30 de AgostoVasco Gonçalves é demitido do cargo de Primeiro Ministro. Iniciam-se as negociações para a formação do VI Governo Provisório, PS/PPD/PC.

10 de SetembroDesvio de 1000 espingardas automáticas G3 do DGM 6 em Beirolas.

11 de SetembroManifestação dos SUV no Porto, numa tentativa de criar no seio das Forças Armadas uma zona de influência adepta do Poder Popular de Base como advogavam alguns partidos da chamada esquerda revolucionária.

19 de SetembroTomada de posse do VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo.

21 e 22 de SetembroAgudiza-se a luta política nas ruas: manifestação dos Deficientes das Forças Armadas com ocupação de portagens de acesso a Lisboa e tentativa de sequestro do Governo. Prosseguem as nacionalizações: SETENAVE e Estaleiros de Viana do Castelo.

25 de SetembroNova manifestação dos SUV em Lisboa. Na intenção de retirar poderes ao COPCON o Governo cria o AMI - Agrupamento Militar de Intervenção.

26 de SetembroO Governo decide retirar ao COPCON "os poderes de intervenção para restabelecimento da ordem pública".

27 de SetembroManifestantes de partidos de esquerda assaltam e destroem as instalações da Embaixada de Espanha como medida de protesto contra a execução pelo garrote de cinco nacionalistas bascos, decidida pelo governo ditatorial do Generalíssimo Franco.

15 de OutubroO Governo manda selar as instalações da Rádio Renascença, ocupada desde Maio pelos trabalhadores. Mas a ocupação mantém-se.

7 de NovembroPor ordem do Governo, o recém criado AMI, faz explodir os emissores da Rádio Renascença.Confrontos violentos na região de Rio Maior entre representantes das UCP's e Cooperativas Agrícolas da Zona de Intervenção da Reforma Agrária (ligadas ao sector do trabalhadores rurais) e representantes da CAP - Confederação de Agricultores Portugueses, instituição ligada aos interesses dos proprietários agrícolas.

11 de NovembroIndependência de Angola.

12 de NovembroManifestação de trabalhadores da construção civil cerca o Palácio de S.Bento sequestrando os deputados.

15 de NovembroJuramento de bandeira no RALIS - os soldados quebram as normas militares que regulamentam os juramentos de bandeira e fazem-no de punho fechado.

20 de NovembroO Conselho da Revolução decide substituir Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço no comando da Região Militar de Lisboa.O Governo anuncia a suspensão das suas actividades alegando "falta de condições de segurança para exercício do governo do país".

Manhã de 25 de NovembroNa sequência de uma decisão do General Morais da Silva, CEMFA, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, paraquedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto e seis bases aéreas. Detêm o general Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva. Este acto é considerado pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados PS e PPD, depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar inequivocamente o destino político do país. Assim:

Tarde de 25 de NovembroElementos do Regimento de Comandos da Amadora cercam o Comando da Região Aérea de Monsanto.

Noite de 25 de NovembroO Presidente da República decreta o Estado de Sítio na Região de Lisboa. Militares afectos ao governo, da linha do Grupo dos Nove, controlam a situação.Prisão dos militares revoltosos que tinham ocupado a Base de Monsanto.

26 de NovembroComandos da Amadora atacam o Regimento da Polícia Militar, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária. Após a rendição da PM, há vítimas mortais de ambos os lados.Prisões dos militares revoltosos..

27 de NovembroOs Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON.O General António Ramalho Eanes é o novo Chefe de Estado Maior do Exército.Por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica.

28 de NovembroO VI Governo Provisório retoma funções. O Conselho de Ministros promete o direito de reserva aos donos de terras expropriadas.

7 de DezembroA Indonésia invade e ocupa o território de Timor.

1976
de JaneiroA PSP intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de Novembro de que resultam três mortos e seis feridos.

3 de JaneiroA imprensa francesa denuncia que no seguimento da invasão de Timor pela Indonésia já teriam morrido cerca de 60000 timorenses.

19 de JaneiroPrisão de Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de Novembro. Alegadamente Otelo estaria implicado no possível golpe militar de esquerda. Será libertado a 3 de Março sem que as acusações se confirmassem.

22 de JaneiroO jornal República é devolvido à anterior direcção.

23 de JaneiroLock-out na Fábrica Timex.

26 de JaneiroRevisão do Pacto MFA/Partidos. Assinam o CDS o MDP/CDE, o PPD e o PS.

29 de JaneiroOperários da Timex entram de novo em greve.

Ainda em JaneiroTem início uma série de atentados bombistas reivindicados pela extrema direita portuguesa, ELP e MDLP que se prolongará por vários meses e cujos alvos são instituições e personalidades ligados a sectores da esquerda. O julgamento dessas acções ainda hoje decorre sendo conhecido como Caso da Rede Bombista.

20 de FevereiroGrande manifestação popular em Lisboa pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.

2 de AbrilAprovação pela Assembleia Constituinte da Constituição da República de 1976.

25 de AbrilEleições legislativas. Resultados dos Partidos com representação parlamentar: PS 35%; PPD 24%; CDS 15,9%; PCP 14,6%; UDP 1,7%.

27 de JunhoEleições presidenciais. António Ramalho Eanes é o primeiro Presidente da República constitucionalmente eleito com 61,5% dos votos. Resultados dos outros candidatos mais votados: Otelo Saraiva de Carvalho 16,5%; Pinheiro de Azevedo 14,4%; Octávio Pato 7,5%.

23 de SetembroTomada de Posse do I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares.