quinta-feira, 9 de outubro de 2008

AS NOVAS CONCEPÇÕES CIENTIFICAS

A Descrença no Pensamento Positivista e as Novas Concepções Científicas

* Na segunda metade do séc. XIX, o positivismo marcava todo o conhecimento científico. A metodologia das ciências experimentais era aplicada a todas as áreas (da Física à História), acreditando-se que tudo podia ser explicado em termos científicos e que a ciência podia atingir a verdade absoluta.

* Mas, nos princípios do séc. XX, a ciência evoluía não no sentido das verdades absolutas, mas num sentido diferente. O racionalismo, a certeza e o absoluto foram substituídos pela incerteza e pelo relativismo. A própria ciência se punha, assim, em causa. O Positivismo dava lugar ao Relativismo, doutrina segundo a qual o conhecimento é sempre relativo, condicionado pelas suas leis próprias, pelos limites do sujeito que conhece e pelo contexto sociocultural que o rodeia.
Esta teoria provocou um choque na consciência científica da época, contribuindo para abalar a confiança na certeza científica.

* No caso da História: Benetto Croce começou por contestar as teorias positivistas aplicadas a esta ciência. Segundo ele, todo o conhecimento histórico é sempre um conhecimento relativo e subjectivo influenciado por inúmeros factores (perspectiva do historiador, selecção de fontes, interpretação, etc.)

* Também a Física e outras ciências experimentais se afastam do Positivismo. Einstein cria a teoria da relatividade que punha em causa o carácter absoluto do conhecimento, tornando-o dependente do espaço, do tempo, do movimento e do observador, também eles realidades não absolutas.
Segundo aquela teoria, as medidas de energia e de massa eram inseparáveis da velocidade e do movimento. Verificou que à medida que os objectos se aproximam da velocidade da luz (3.000.000 Km/s), eles encolhem, a sua massa aumenta e o tempo abranda. Por isso, nenhuma observação efectuada a partir de um único ponto fixo num universo, em permanente expansão, devia merecer uma confiança absoluta.
Desse modo, altera-se também a noção do tempo. Este, que se pensava invariável e linear, torna-se também uma nova dimensão, tal como o são o cumprimento, a espessura e a velocidade.

* Nova revolução científica com a Psicanálise:
Freud, médico neurologista e professor da Universidade de Viena, cria a Psicanálise que vem questionar o poder absoluto da razão sobre o comportamento humano.
A Psicanálise surgiu inicialmente como um método de determinação das causas das neuroses e como terapia de tratamento (a partir da interpretação dossonhos, da associação livre e da hipnose).
Depois deu origem a uma doutrina psicológica sobre os nossos processos mentais e emocionais, um método de investigação e uma técnica terapêutica para tratamento de neuroses e psicoses.
Segundo Freud, a «psique» humana estava estruturada a três níveis:
- o «infra-ego» (id), parte mais profunda da psique. O inconsciente que abarca um conjunto de impulsos e forças instintivas que buscam a satisfação imediata;
- o «superego», a parte subconsciente. Uma parte inconsciente, mas a um nível menos profundo. Está ligado à interiorização das proibições morais e éticas.
Está sempre vigilante em relação aos nossos comportamentos (censurando/motivando) através da «censura»;
- o «ego» (eu) ou consciente. É ele que decide se um impulso pode ou não ser satisfeito.
Segundo Freud, as causas das neuroses estariam no facto de muitos impulsos instintivos e recordações desagradáveis terem sido reprimidas para o inconsciente da vida mental, onde aparecem recalcados, vindo a gerar neuroses. É a censura que não os deixa aparecer. A função terapêutica da Psicanálise seria o de conseguir trazer à consciência essas forças recalcadas inconscientes. Seria ir à procura das origens dessas neuroses. Tal conduziria à descompressão do que estava recalcado e dessa consciência começava o caminho para a cura.
A Psicanálise influenciou as inovações literárias e artísticas da 1ª metade do séc. XX. Escritores e artistas inspiraram-se nas concepções psicanalíticas, encontrando no mundo aberto da Psicanálise uma fonte de inspiração frutuosa e uma influência libertadora: na Literatura surgem personagens freudianas com neuroses; na Arte surgem correntes como o Surrealismo que tentam penetrar para além do nível consciente da percepção.

Um comentário:

Anônimo disse...

A acepção da palavra "ciência" é dada de diferentes formas, dependendo da conjuntura em que se encontra inserida.
No século XX, a Época Contemporânea traduz as novas formas de investigação e conhecimento, transformando a ciência e anulando alguns preconceitos que a estigmatizavam.
Neste período, as anteriores concepções deterministas dadas pelo Positivismo e pela Época Moderna vão ser contestadas e, muitas delas, rejeitadas - o conhecimento científico já não é visto como absoluto.
Cada vez mais os esforços e as descobertas estão condicionados por factores económicos e, portanto, também pelo poder político, sendo que os esforços já não são neutros nem imparciais, mas vão no sentido de satisfazer as vontades de quem sacia financeiramente a procura científica.
Ao contrário do que seria de esperar, a paz que se esperava acompanhar o progresso era uma mera utopia, e deste apenas advinha mais guerra.
Para dar continuidade ao estudo não havia escrúpulos, ainda que se desrespeitasse a natureza e posta em perigo a humanidade - as desigualdades entre as sociedades cresciam a olhos vistos.
Surgem os precursores das novas concepções científicas e defensores da nova forma que a ciência adquiria: Einstein, Heisenberg, Pierre Duhen, Gaston Bachelard, Popper, Lakatos, Thomas Kuhn e Feyerabend.
Cada um da sua maneira muito específica, estes homens de destaque vão revolucionar a ciência segundo diversos prismas, e trazer âmbitos de desenvolvimento mais optimistas ao trabalho científico.