segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O MOVIMENTO MODERNISTA PORTUGUÊS

Pode entender-se por modernismo o conjunto de movimentos da literatura, das artes plásticas, da arquitectura e da música surgidos nos finais do século XIX e que se estenderam até à II Guerra Mundial (em Portugal, o movimento modernista inicia-se em 1913 e prolonga-se até 1940 – ano da Exposição do Mundo Português). Este movimento caracterizava-se pela ruptura com o passado e pela liberdade de criação e de pesquisa estética.

No início do século XX, começam-se a desenvolver, em Portugal, estéticas vanguardistas, quer no domínio das artes plásticas, quer no domínio da literatura. Em Portugal, pode dividir-se o modernismo em 2 fases.

O primeiro movimento modernista português foi marcado pela publicação da revista Orpheu, que apesar de ter conhecido apenas 2 número, fez o encontro das letras e da pintura e deu a conhecer as principais tendências do movimento, sendo assim o veículo de difusão do modernismo. Os principais nomes do primeiro modernismo português foram Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de Sá Carneiro, Santa-Rita Pintor, Amadeo de Souza Cardoso e Eduardo Viana; destes vários tiveram formação (ou trabalharam) no estrangeiro, justificando-se pelo seu contacto com as tendências vanguardistas da Europa, o surgimento destas mesmas tendências vanguardistas também em Portugal.

No segundo movimento modernista português, destaca-se a publicação da revista Presença. Este segundo modernismo tinha como características a tentativa de afastamento de qualquer posição de carácter político ou religioso; muitas das obras, estavam relacionadas com a decoração de espaços públicos. O movimento acabou por ser apropriado pelo regime, tendo muito contribuído para isso a entrada de António Ferro no SPN. Alguns dos nomes mais importantes do segundo modernismo português foram José Régio, Miguel Torga, Abel Manta e Vieira da Silva.

Um comentário:

Anônimo disse...

A revista Orpheu causau escândalo e os jovens escritores foram considerados loucos e provocadores.
De facto, eles haviam criado uma linguagem que ainda ninguém compreendia, dado o marasmo que caracterizava a cultura portuguesa. E, na realidade, os jovens escritores tinham consciência desta paralisação cultural. Talvez, por isso, tenham escrito, na introdução da revista:

«O que quer Orpheu? - criar uma arte cosmopolita no tempo e no espaço. A nossa época é aquela em que todos os países, mais materialmente do que nunca e pela primeira vez intectualmente, existem todos dentro de cada um (...)
Por isso a verdadeira arte moderna tem que ser maximamente desnacionalizada - acumular dentro de si todas as partes do mundo. Só assim será tipicamente moderna.» - Fernando Pessoa

Estas palavras, por si só, eram suficientes para chocar o "lepidóptero", como os jovens chamavam ao burguês instalado nun estatuto medíocre e decrépito. A poesia aí publicada constituía, para ele, a verdadeira anifestação de uma loucura irresponsável e irreverente.




Carolina Albuquerque =D