quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CULTURA DE MASSAS

1. A Cultura de Massas e o Desejo de Evasão

Tradicionalmente, a noção de cultura era concebida como um fenómeno elitista, próprio de uma minoria prestigiada e dominante na sociedade, constituída por indivíduos poderosos e intelectualmente aptos.
Era vista como algo reservado às classes sociais mais elevadas, e, por isso, se chamava cultura de elites.
A partir do séc. XX a cultura de elites foi substituída por uma cultura de massas, graças aos meios de comunicação de massas que investiram numa «indústria cultural» dirigida às grandes massas.
Esta visava a ocupação dos tempos livres dos trabalhadores, procurando também compensá-los da monotonia e solidão das sociedades modernas. A cultura passava assim a ser pensada com vista a chegar às
grandes massas, enquanto bens de consumo culturais.
Este alargamento da cultura às grandes massas resultou da conjugação de vários factores: a melhoria das condições de vida dos trabalhadores; a sua alfabetização com a obrigatoriedade do ensino primário; e o aparecimento dos novos meios de comunicação como a rádio, o cinema, a imprensa.
Características da cultura de massas:
 é difundida pelos mass media;
 é multifacetada, quer nos conteúdos, quer nas formas que apresenta;
 é superficial na abordagem dos temas;
 interessa-se pelo imediato, cultivando a novidade;
 é de duração efémera;
 é uma cultura de evasão (através dela os indivíduos abstraem-se dos seus problemas quotidianos);
 contribui para a estandardização dos comportamentos, pois divulga determinadas atitudes e princípios aceites pela sociedade e que apontam para um "tipo de pessoa média."

Principais Manifestações da Cultura de Massas:

1. A MÚSICA LIGEIRA

Na década de 20, o desenvolvimento da rádio e da indústria de discos e gramofones fizeram divulgar a música que veio a atingir grande popularidade junto das massas.
Paralelamente à música clássica, desenvolve-se a música ligeira, com ritmos relacionados com a agitação da vida urbana.
Surgiram novos géneros musicais como o jazz, o swing, os blues, o rock, e o pop, entre outros.
Destacaram-se Elvis Presley e grupos musicais como «Os Beatles», nos anos 60.

2. OS ESPECTÁCULOS DESPORTIVOS

No século XIX, o desporto era praticado apenas por elites, mas com a entrada no século XX vai ganhar um número crescente de praticantes e de adeptos, tornando-se o espectáculo favorito das multidões.
Nos finais do século XIX, foi retomada a ideia helenista dos Jogos Olímpicos, com o intuito de mundializar o desporto. Os I Jogos Olímpicos da Era Moderna têm lugar em Atenas, em 1896 e os II têm lugar em Paris, em
1900, no ano da Exposição Universal.
Modalidades como o futebol, o ciclismo e o automobilismo registaram nesta época um grande aumento da sua popularidade, transformando-se em desportos de massas. Outras modalidades surgem também como o ténis de mesa, o esqui, o boxe e a natação.
Muitos destes desportos, sobretudo o futebol, considerados actividades de lazer, rapidamente se transformam em grandes negócios, movimentando milhões e com efeitos em vários sectores económicos.
Os espectáculos desportivos, pelo imenso apoio popular que os rodeiam, acabam por se transformar também em espectáculos muito emotivos, cheios de emoção, de combatividade e de antagonismo.
Tal situação, vai fazer do desporto um escape para a canalização e libertação de tensões diárias, acumuladas na vida profissional, social e familiar. Através do desporto, atletas e espectadores descarregam no
espectáculo sobre os adversários, árbitros e autoridades policiais, tensões e frustrações acumuladas no dia-a-dia.
Deste modo, o desporto passou a ser, para as massas, além de uma forma de lazer, também uma forma de evasão da dureza do quotidiano, tornando-se, por isso, muito útil no controle das tensões sociais e políticas
nas sociedades modernas. A eventual revolta social canalizar-se-ia assim, não para motins e revoluções, mas para inofensivos espectáculos desportivos.

3. O CINEMA E O SEU IMAGINÁRIO MÍTICO

Surgiu ainda no séc. XIX, com os irmãos Lumière. Era, inicialmente, mudo e só se tornou sonoro no fim dos anos 20. A sua técnica foi, depois, desenvolvido por Édison, nos E.U.A.
O cinema mudo rapidamente se transformou em sonoro e as cores rapidamente invadiram o écran.
Começando por ser uma forma de arte, o cinema transformou-se também numa indústria que vai conhecer um desenvolvimento sem precedentes, atraindo largas multidões fascinadas. Sendo uma forma barata
de diversão, o cinema iria ganhar cada vez mais público, à medida que os desenvolvimentos técnicos traziam para junto das pessoas mundos e imagens de uma riqueza inatingível, fornecendo uma forma de escape à
monotonia do dia-a-dia, uma fuga aos seus próprios problemas.
O desejo de evasão manifestado pelas massas foi alimentado pelos próprios meios de comunicação, que criavam histórias felizes e personagens com vidas perfeitas.
Com o cinema vieram as estrelas de cinema, adoradas por milhões, desejosos de copiar a forma como viviam. Em torno dessas estrelas criaramse verdadeiros mitos.
Os actores atraíam de tal forma o grande público que garantiam por si só o sucesso de um filme e ajudavam a reforçar o imaginário mítico, já que prolongavam a ficção do ecrã para a vida real. Passavam a ser considerados seres simultaneamente humanos e divinos, pois viviam no écran situações que muitos homens e mulheres gostariam de viver. Através deles, os homens sonham, esquecendo as tristezas da sua vida desinteressante. O cinema transforma-se assim no sonho imaginário.
Mesmo nos piores momentos de depressão, havia dinheiro para fugir às privações e entrar no mundo maravilhoso do cinema, pois quanto piores fossem os tempos, mais arrebatadores e grandiosos eram os filmes.
Entre as estrelas mais «adorados» pelas multidões encontravam-se Rudolfo Valentino, Greta Garbo, Clark Gable, Mae West, Marlene Dietrich e Marilyn Monroe.
Destacaram-se no cinema realizadores como Charles Chaplin, Sergei Eisenstein, Joseph Von Steinberg, Jean Renoir, Alfred Hitchcock e Walt Disney.
O grande impacto do cinema no público transformou o cinema num poderoso meio de difusão de modelos socioculturais, levando-o a impor modelos de comportamento seguidos pelos espectadores (estilo de vida,
moda, maneiras de estar e de falar, ideologias).
O cinema foi também muito utilizado pelos Estados para fins de propaganda ideológica. Na II Grande Guerra, foi usado como arma de propaganda contra as potências inimigas. Tanto Aliados como as potências
do Eixo usavam histórias do passado para fazerem prevalecer os ideais do presente.
EM PORTUGAL O cinema surgiu ainda no século XIX, graças a Aurélio dos Reis, que apresentou no Porto os seus primeiros filmes mudos. O cinema deixa a pouco e pouco a fase de exibições de feira em feira, para passar a ser uma verdadeira "indústria cinematográfica" com uma divulgação mais
alargada.
O sucesso do cinema mudo português surgiu com filmes como «Maria do Mar» (Leitão de Barros) e «Douro» (Manoel de Oliveira). Os primeiros filmes sonoros foram «A Severa» (Leitão de Barros) e «A Canção de Lisboa» (Cottinelli Telmo).
Tal como as restantes actividades artísticas, o cinema não escapou ao controle do regime do Estado Novo, passando, a partir de 1935, a depender do Secretariado da Propaganda Nacional e a ser alvo da censura. A ideologia conservadora estava presente nas personagens e histórias dos filmes da época, fazendo-se sempre o elogio de princípios como a ordem, a autoridade, o papel passivo da mulher, a exaltação do império, dos heróis nacionais e da vida rural.
Tal era visível em filmes políticos como «A Revolução de Maio», «Feitiço do Império», filmes de fundo bucólico como «As Pupilas do Senhor Reitor» , «Maria Papoila» e comédias urbanas lisboetas como «O Pai Tirano» e «O Pátio das Cantigas».
O cinema português entra em decadência a partir dos anos 50, na sequência da vigilância apertada da censura do Estado Novo.

4. A LITERATURA POLICIAL e a BANDA DESENHADA

Também os escritores criaram géneros literários dirigidos às grandes massas criando, na primeira metade do século XX, dois géneros muito diferentes que vão ganhar muita popularidade:
- a Novela Policial, onde se explora o gosto das massas pelo «suspense».
Os seus principais criadores foram Agatha Christie («Miss Maple» e «Inspector Poirot») e Georges Simenon ( «O Comissário Maigret»).
- a Banda Desenhada, a história em quadradinhos, que se tornou um grande sucesso. A junção da imagem (muito rica) e do texto (leitura fácil) captou, de imediato as crianças e um público adulto menos letrado. As suas personagens mais famosas foram: Super-Homem, Mandrake, Fantasma, Tarzan, Tio Patinhas e Pato Donald, entre outros, que se transformaram em verdadeiros heróis internacionais.
2. Os Mass Media, veículos de modelos sócio-culturais Nos inícios do séc. XX, surgem novos meios de comunicação que se vão designar como os mass media. São a imprensa escrita, a rádio, o cinema e a
televisão. Como permitem difundir para um público muito numeroso e variado uma quantidade maciça de informação, vão ter um papel muito importante nas sociedades modernas. O seu papel é variado:
- difundem a informação;
- promovem a cultura;
- contribuem para a educação;
- divulgam a publicidade;
- são utilizados na propaganda política.
Assumem, por isso, um papel de relevo na formação da opinião pública, o que os torna muito cobiçados pelos poderes políticos e económicos.
Para além disso, o facto de pretenderem atingir toda a gente, contribuem para provocar uma estandardização/uniformização de comportamentos, pois a sociedade tende a imitar os modelos/padrões de
conduta que são divulgados nesses meios de comunicação.
Imprensa Escrita
Foi o principal meio de informação pública nas primeiras décadas do século XX. A sua crescente difusão resulta de:
- aperfeiçoamento das técnicas de impressão, possibilitando impressão de jornais em escalas elevadas;
- novos meios de transporte, nomeadamente o comboio que permitiram o transporte dos jornais a todos os locais;
- número crescente de leitores devido ao aumento do seu nível de vida e ao cada vez maior número de alfabetizados, com o ensino obrigatório;
- o recurso à publicidade nos jornais que contribuiu para um maior equilíbrio das empresas jornalísticas, dando-lhes mais independência face ao poder político;
A imprensa especializa-se conforme os gostos do público. Surgem jornais noticiosos, desportivos, femininos, infantis. Os grandes jornais têm também diferentes secções, procurando captar diferentes públicos. Surgem
também revistas femininas, revistas de cinema ou de arte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quanto ao trabalho que o professor mandou fazer durante a aula de hoje (quarta), houve alguns tópicos que não encontrei muita informação (sobre o Desejo de Evasão e sobre o ensino) por isso obrigada por ter colocado aqui no blog.

Carolina Viegas

Anônimo disse...

Luisa Pereira

Ola professor Sidocaaa :D ESCALHAR :D

|saudades| :')